A PEQUENA BAILARINA

Rutinha era uma criança triste porque não conhecia os seus verdadeiros pais, ela tinha sido abandonada, ainda pequenina, na porta do orfanato, Menino Deus e foi educada pelas freiras daquela Instituição que a adotaram como se fosse uma verdadeira filha. Agora aos sete anos de idade, como qualquer outra criança, ela tinha um sonho. A garota queria ser bailarina, para poder rodopiar e bailar ao som de uma linda melodia...

Tudo começou quando a pequena, Maria Rute, ganhou, em seu último aniversário, um porta-joias de presente, que na verdade era uma caixinha de música que ao ser aberta surgia lá de dentro uma belíssima bailarina, vestida de rosa, que bailava ao som da inesquecível música de Elis Regina “O Bêbado e a Equilibrista”. A garotinha era fascinada pela caixinha de música, ela não se interessava por nenhum outro brinquedo, nem bonecas, nem casinhas e nem tão pouco panelinhas. Maria Rute tinha a pele escura, cabelos longos e encaracolados, olhos pretos e brilhantes e um rosto bem contornado. Nas suas horas vagas, ela gostava de ficar em frente ao espelho, na ponta do pé, bailando e rodopiando; abria a caixinha de música e deixava à imaginação voar e, assim ficava imitando a bailarina com muita perfeição; permanecia por horas sonhando acordada, fechava os seus olhinhos e se via em um enorme palco dançando para uma grande plateia que a aplaudia; toda à cena se passava em sua mente como se fosse flashes de um filme...

Uma certa manhã, em que o sol já havia resplandecido no horizonte e seus raios alaranjados e cintilantes iluminavam pelas frestas da janela, o quarto da menina Rutinha que despertara de seu sonho, pela voz suave da irmã Júlia que a chamava insistentemente:

- Rutinha, acorde que vamos sair! Rutinha, levante-se! Nós vamos ao Vilarejo apanhar uma encomenda para a nossa Madre Superiora.

A garotinha, ainda sonolenta, se levantou da cama, prendeu o cabelo e cumprimentou à freira:

- Bom dia, irmã Júlia! Nós vamos passear?

- Não, queridinha Rutinha, vamos apanhar uma encomenda! Mas, não deixa de ser um passeio, tome seu banho e vista um vestido bem bonito, que logo venho te buscar. Falou e saiu do quarto.

A menina ficou bem feliz, pois ela dificilmente saia daquele convento, será uma oportunidade de olhar o mundo lá fora e contemplar um lindo arco-íris colorindo o céu. Ela trocou de roupa e ficou sentada esperando a hora de sair...

Aproximadamente às 10h00 horas elas chegaram ao Vilarejo e foram direto apanhar a encomenda. Logo após elas aproveitaram para passear e conhecer o pequeno comércio, enquanto aguardavam o horário do motorista vir apanhá-las. Rutinha estava perplexa olhando tudo a sua volta, as lojas de brinquedos e o comércio em geral. Repentinamente, uma jovem passou por elas e deixou cair no chão um pacote de dinheiro, Rutinha se abaixou, apanhou o embrulho e entregou à jovem. A moça ficou muito emocionada pela ação da menina e agradeceu muito e a presenteou com dois convites para um espetáculo de Balé, A Caixa Mágica, que seria realizado às 14h00 daquele mesmo dia. Rutinha segurou os convites e começou a chorar de emoção. Em poucos minutos o motorista chegou ao local combinado e falou para irmã Júlia que precisou deixar o carro no conserto e que o mesmo só estaria pronto à noitinha. A irmã Júlia olhou fixamente para Rutinha e falou:

- Querida, nós vamos assistir ao espetáculo do Balé, enquanto aguardamos o carro ficar pronto.

- Irmã Júlia, estou muito feliz por isso! Responde-lhe a garotinha sorridente.

Às 14h00 começou o espetáculo, a menina estava radiante de felicidade, não sabia se chorava ou se sorria, ela não desviava seu olhar do palco, o cenário era deslumbrante, era pura magia e fascinação. E de repente, as cortinas vermelhas se abriram e a música “O Bêbado e a Equilibrista” começou a tocar, de início bem baixinho e foi aumentando gradativamente; em poucos segundos, entrou no palco um bêbado empurrando uma grande caixa, ele quedou-se lá, sozinho, junto à caixa que lentamente vai se abrindo... a imaginação da garota voa... de dentro da caixa surgiu Rutinha vestida de bailarina, em um passe de mágica o bêbado se transformou em Carlitos e, eles começaram a bailar, rodopiando como piões, da mesma maneira que ela fazia em seu quarto, pois o balé para ela tinha o poder de encantar e provocar suspiros por toda a plateia, e foram tantos passos mágicos que duraram uma eternidade. Já era quase noite quando o espetáculo terminou, as cortinas se fecharam, as luzes se apagaram, a música parou e o sonho terminou...

Os tempos se passaram, mas aquele espetáculo de Balé ficou eternizado na memória da garota, pois foi o primeiro passo para a realização de seu sonho.

Atualmente, Rutinha é uma famosa bailarina que vivi feliz a bailar...

Elisabete Leite – 09/08/2018

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 18/08/2018
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