FAGULHA

Tina, era uma menina inteligente e travessa. Morava em uma casa azul muito grande, que ficava no meio de um imenso jardim, cheio de árvores e flores. Tina ia para a escola todos os dias e, na volta gostava de vir brincando pelo caminho. Ela conversava com as árvores, com as flores e com os passarinhos.

Um dia, ela viu um passarinho diferente pousado num galho da velha paineira, boa tarde disse a menina. Boa tarde, Tina respondeu o passarinho. Tina assustou-se, pois nunca imaginava que um passarinho pudesse falar.

Não se assuste Tina, eu falo mesmo, mas só com você que respeita a natureza e não maltrata os animais. Faz muito tempo que eu lhe observo do mais alto galho da faia, e sempre vejo como você cuida das flores e dos animaizinhos que encontra pelo caminho, isto faz de você uma menina muito especial.

E que passarinho é você, perguntou Tina. Nunca vi um igual, você tem penas amarelas e vermelhas e quando voa parece uma chama.

Ah! Eu esqueci de me apresentar, meu nome é Fagulha, e vim de um planeta muito distante para ajudar as crianças que cuidam da natureza, pois a natureza está muito doente.

Uma tarde quando ela voltava da escola com seus amiguinhos viu Fagulha no galho da paineira e gritou: Olá Fagulha, O que você está fazendo ai tão alto. Todos riram dela, onde já se viu falar com passarinhos, a Tina deve estar maluca disseram, e afastaram-se dela.

Um dia, devido à inúmeras fábricas que havia na cidade e faziam muita fumaça negra, poluindo a atmosfera, o sol apagou-se. Tudo ficou escuro e triste. A cidade tornou-se sombria, as árvores perderam as folhas, as flores feneceram, tudo estava morrendo. As crianças perderam a cor rosada da pele e ficaram muito pálidas e adoeciam. Tina também caiu enferma, não sorria mais, não se alimentava direito, ficou muito fraca que nem à escola ela podia ir. Fagulha a observava do alto do galho da acácia que ficava em frente à janela do quarto de Tina. Uma manhã Fagulha viu muita gente na casa de Tina e seus pais estavam na sala chorando . Tina está muito mal pensou Fagulha. É preciso fazer alguma coisa com urgência para salvá-la.

Então Fagulha desesperado alçou vôo rumo ao sol, furou a barreira de nuvens negras e entrou em órbita e, quase sem forças atingiu o sol, que era agora apenas uma bola preta de carvão. E num esforço quase supremo ele abriu o bico e cantou melodiosamente e seu canto se fez ouvir por todo o universo, todo mundo parou para ouvir a aquela doce melodia .

Mas como Fagulha estava muito fraco, com o esforço que fez para cantar, o seu peito partiu-se e seu pequenino coração saltou para fora e atingindo o sol provocou um incêndio e o sol acendeu novamente e derramou sua luz por sobre toda a terra.

Quando Tina abriu os olhos viu um raiozinho de sol entrando pela janela e com ele uma pena vermelha e amarela que Tina pegou e a encostou no rosto e soluçando exclamou : Fagulha ! Meu querido amigo, foi você quem acendeu novamente o sol.

Lá fora tudo voltou a ser alegre, aos poucos as árvores brotaram e vestiram-se com um verde novo e exuberante, as flores voltaram a colorir os jardins e as crianças ficaram curadas e voltaram à escola. Tina também voltou a estudar e todo dia na volta da escola ela parava aos pés da paineira e sorria olhando para o alto.

As fábricas já não poluíam mais a cidade, pois um engenheiro inventou um filtro para eliminar toda a fumaça e os gases que causavam a poluição.

O tempo passou e Tina já estava na terceira série.

Um dia a professora de língua portuguesa leu para os alunos a história de Fagulha, o passarinho que acendeu o sol.

Tina acariciou a pena vermelha e amarela que estava no meio das páginas de seu caderno, e chorou de saudade.

Pethrus
Enviado por Pethrus em 05/06/2018
Código do texto: T6356410
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