Xanti e Lee no orfanato
Xanti e Lee no orfanato
Lee: Oh, Xanti! No orfanato só temos criancinhas ou adolescentes também?
Xanti: Geralmente até 18 anos, por quê?
Lee: Vamos um dia visitar um. Quem sabe eu e a minha namorada adotamos um. Ia ser muito legal.
Xanti: Adotar é o mesmo que dar a luz a um filho, tem que ter tempo disponível, cuidar da educação, alimentação, saúde.
Lee: E você acha difícil?
Xanti: Não Lee, minha esposa e eu cuidamos de dois filhos menores, 12 e 17 anos e tenho outros dois que já são casados. Tenho netos que moram longe, meu filho foi transferido pela empresa para a Bahia. Vejo-o muito pouco. O outro casou há pouco tempo, mas ainda não me deu netos. Estes que moram em casa são pequenos e muito ciumentos, nunca nem pensei em adotar uma criança.
Lee: Eu vou me casar somente daqui a uns dois anos.
Xanti: E a Mônica vai aceitar tanta enrolação?
Lee: Temos que fazer um pé de meia para depois pensarmos nisso. Ela faz pedagogia e está no quarto semestre, ela também quer esperar.
Xanti: Ela já falou em adotar?
Lee: Eu e ela assistimos uma reportagem sobre adoção e ela demonstrou interesse.
Xanti: E o que foi que ela disse? Era tão bom ter um nenê, mas eu não quero ter filho logo.
Xanti: Ela não falou em adoção!
Lee: Claro que sim! Como ter um nenê gatinhando se não quer ter um filho?
Xanti: Ela quer dizer que no futuro...deixa pra lá.
Lee: Ah tá, mas vamos ao orfanato, quero ver as crianças e quem sabe deixam que façamos umas brincadeiras.
Xanti: Ok, Lee. Vou ver o que posso arranjar.
Lee: Obrigado Xanti.
Lee ficou esperando por três dias notícias sobre a tal visita. Nestes dias corridos ensaiavam para um show que faziam junto a uma escola de inglês, na verdade uma atividade externa que eles coordenariam, teríamos jogos e brincadeiras.
A noite chegou, Lee tinha que ir, combinou com Mônica uma sessão de cinema, aproveitariam o feriado.
Lee havia trabalhado a semana inteira até mais tarde para adiantar os ensaios e poder ter este momento de lazer com a amada. Deixaria para trás as preocupações do trabalho.
Enquanto ele divagava e trancava as portas da área de ensaio o celular tocou.
Lee: Alô Xanti!
Xanti: Ligo para te avisar que consegui um orfanato para visitarmos na segunda feira.
Lee: Obrigado Xanti. Fico feliz! Conversamos amanhã. Até mais.
Xanti: Bom passeio. Divirta-se.
Momentos depois.
Mônica: Oi querido!
Lee abraçando-a e a beijando contou as novidades, mas nada falou sobre adotar uma criança. Mônica se dispôs então ir junto ao orfanato, ela tinha folgas a tirar no serviço e iria aproveitar.
Após a sessão de cinema foram para casa, moravam juntos há um ano e três meses. Mônica gostava muito das atividades do Lee, sabia do seu amor pelas crianças. Ele achava-as muito tristes, comentava, destacavam em fotografias de seus shows algumas apáticas. Dedicava-se a chegar a todos os corações, esta era sua grande luta.
Lee fazia shows antes de fazer dupla com o Xanti com um tal de Chin Lee, por isso adotou o nome após a morte dele em um acidente de automóvel. Em seguida fez testes para trabalhar em vários lugares até encontrar o atual companheiro de estripulias.
Depois de um passeio os dois acordaram inspirados, ligaram para o Xanti e marcaram de comprar presentes para as crianças do orfanato.
Devido à quantidade resolveram ir a 25 de março, seriam duzentos brinquedos para várias idades, Xanti fez um levantamento.
Lá chegando foram reconhecidos, seus DVD’s estavam expostos em várias bancas, inclusive piratas, crianças os observavam, tiravam selfs, Mônica e Lee sairiam em sites, pois foram fotografados. Mônica gostava de ser fotografada, ele era jovem e bonito além de ser muito carismático, e era bom saberem que ele é comprometido.
Eles acabaram comprando a metade e ganhando o restante, os comerciantes fizeram questão já que era para doar para as crianças e adolescentes. Três horas depois estavam na van em direção ao escritório, embrulhariam um a um e fariam uma brincadeira na hora da entrega.
Bolas, carrinhos, bonecas, jogos, brinquedos de montar, quebra cabeça, lápis de cor, canetinhas, tinta guache, pincéis, e tantos outros, além de tênis de vários tamanhos.
Sonhos, sorrisos, alegria, esperança no outro e em si mesmo, felicidade, aconchego, fé, itens que levarão a cada um.
Chegando ao salão de ensaios e trabalhos, muitos aguardavam sob o comando do amor ao próximo puseram-se a preparar os presentes. Cantarolavam músicas infantis e previam o sorriso de cada uma delas, não somente pelos presentes e sim por Xanti e Lee se dedicarem a uma ação social tão importante.
Xanti ia com frequência em orfanatos, mas nunca levou o companheiro de trabalho, mas viu que estava na hora dele dar um passo além em sua vida. Faziam shows em todo canto, já foram ao encontro de drogados, deficientes, e tantos outros temas com os quais se relacionam levando alegria a todos. Era hora de ir ao local em que mais se precisa de apoio, crianças e adolescentes sem um lar a procura de pais e irmãos que façam a vida deles mais completa.
Dona Laura tinha marcado para segunda-feira a fim de não estressar as crianças que os aguardavam ansiosas, os DVD’s deles eram passados em intervalos a fim de discutir os temas que são sempre importantes.
Mônica embrulhava os presentes olhando para cada um, havia alegria e amor, mas o mais importante era a presença deles, pois depois de iniciar este trabalho voluntário teriam que disponibilizar tempo para fazer uma sequência de eventos, ir só naquele dia e não voltar não fazia parte do espírito da dupla de palhaços. Se estavam indo é porque já planejavam a continuidade. Como se diz: “Se é uma obra baseada em preceitos cristãos há de se perpetuar”.
Xanti: Sabe que depois daqueles trabalhos com os drogados e deficientes, educação no trânsito e outros tivemos sempre uma sequência, achei que estava na hora de ir mais adiante, crianças tomam todo nosso tempo, mas há melhor modo de passar os dias do que cuidando do futuro delas?
Mônica: Sim, eu e o Lee conversamos muito sobre os trabalhos, e de vez em quando vou com ele, percebo que cada trabalho faz com que o Lee se desenvolva, aprende com a vida a fazer a alegria de todos. Ele gosta de estar com cada um. Conquistar um sorriso o faz muito feliz, principalmente daqueles que tem uma vida limitada por algum problema, seja qual for.
Xanti: Nós, além de ajuda-los a viver melhor acompanhamos a preparação profissional de muitos que hoje trabalham, casaram-se e tiveram filhos, enfim vivem plenamente mesmo tendo alguma dificuldade. Agora queremos ver o que podemos fazer pelas crianças e jovens dos orfanatos. Criar programas educativos de conscientização.
Mônica ouve atentamente e admira cada dia mais a dupla, a história precisava de personagens de tanto dinamismo. Mostrar ao público problemas que precisam ser resolvidos ou ao menos trabalhados para que em um futuro breve tenha-se um caminho seguro a percorrer.
Anuncia então que estão todos prontos os presentes.
Lee: Vamos todos descansar, andamos muito hoje. Até segunda feira planejamos a brincadeira que faremos na hora da entrega dos presentes.
Capítulo lll
Lee acordou cedo, o galo cantou em seguida, olhou pela fresta da cortina e a escuridão ainda reinava, pontos de luz somente depois das seis. Mônica dormia, resolveu fazer o café, preferia o que ela faz, mas não queria acordá-la, ela estava sorrindo, certamente sonhava com ele, pensou.
Conhecer uma pessoa totalmente era impossível, há muitos mistérios na mente humana. Xanti costumava dizer: “Se um dia achar que compreendeste uma mulher, marque hora com o próprio Deus e Ele o atenderá prontamente”.
O cheiro do café acabou acordando a Mônica, Lee ouvia os passos da amada em direção ao corredor. Resolveu então levar o café na cama, do jeito que ela gosta. Torradas, mel, manteiga e café puro, meio amargo. Mônica sorriu. Beija-o carinhosamente. Lee estava muito romântico.
Mônica: O que esta pensando amor?
Lee: Ir visitar as crianças do orfanato ativou meu lado paternal, parece que vou visitar filhos.
Mônica: Breve teremos os nossos, somos jovens ainda.
Lee: Eu sei disso. Acho que é instintivo. E se eu olhar para uma das crianças e o meu instinto de pai se unir a ela? Tenho medo de ter que deixa-lo lá a espera de outro, e outro e mais outro. Ele cresce sempre a espera de alguém que tome a decisão.
Acho triste. Quero ir, mas tenho medo daquilo que trarei dentro do peito.
Mônica: Vejo que você vai ter uma experiência muito intensa, mas certamente que todas as crianças do orfanato são bem cuidadas. Além do mais voltarão lá muitas vezes pelo que conhecemos de Xanti.
Café tomado ouviu-se a buzina da Van.
Lee: Bom dia a todos!
Xanti: Vejo que o casal acordou inspirado.
Entraram, sete pessoas e muitos presentes, o dia estava começando, muitas emoções os aguardavam.
Chegando próximo ao orfanato uma faixa que dizia:
“Bem vindos Xanti e Lee”
Mônica: Veja. Pelo jeito nos aguardam.
Lee: A alegria de ser bem recebido nos dá força para fazer um ótimo trabalho. Xanti diz que independe, mas eu percebo que há diferença, não de nós para eles, é claro. Mas o modo como eles desfrutam das atividades que propomos.
Este será um dia e tanto.
Xanti e Lee iriam colocar suas roupas especiais somente a tarde, até lá queriam que os conhecesse como pessoas comuns.
Autor: Pessoas comuns querem enganar a quem???
Xanti desce da van e orienta a levarem os presentes escondidos, organizariam a entrega somente à tarde. Primeiro queriam conhecer a todos.
Neide: Bem vindos senhores, entrem as crianças estão no refeitório.
Vejo que trouxeram muitos presentes, não era necessário. Todos vão adorar, mas o que querem mesmo e poder conviver com vocês.
Pisaram os pés no refeitório sob aplausos.
Xanti: Bom dia a todos! Quanta alegria nestes rostinhos lindos. Vamos gostar muito de partilhar com vocês nossas vidas.
Lee: Bom diiiiiiiiiaa!!! Hoje passaremos o dia juntos, quero ver muitos sorrisos lindos.
Nem acabou de falar e já tinha crianças ao redor deles.
Lee andava com a Mônica ao lado, com o tempo todos conversavam contando experiência, histórias.
Pedrinho: Lee, quem é esta moça?
Lee: É minha namorada. As crianças abriram sorrisos. Cochichavam sobre a beleza do casal.
A partir daí já não era mais Mônica e sim namorada do Lee, gostavam de chama-la assim.
Os dois eram abordados por todos, mas a maioria das crianças procurava o Lee, e os mais jovens o Xanti, na hora do show não havia esta separação.
Pediam a Lee para fazer as caras e bocas (de surpresa, de alegria, de tristeza, de bêbado, de bobinho, de malandro e outras mais) de seus shows e se desmanchavam de tanto rir.
Alguns demonstravam interesse em participar da vida circense. Passaram então a demonstrar habilidades. Acabaram por fazer um grande círculo onde um de cada vez fazia suas estripulias, Xanti pedia para que não exagerassem para não se machucar. Mas nada as detinha.
Lee aplaudia a cada apresentação e assim todos que assistiam.
Lee: Veja aquele menino, parece que treina muito.
Neide: Sim ele é muito especial aqui temos diversas atividades físicas, desde jogos de futebol e vôlei, judô, capoeira, artes circenses.
Xanti: Eu sabia, não quis te falar para que você se surpreendesse.