O menino que não gostava de tomar banho...
Joãozinho era um menino difícil de lidar. Para tomar banho, a mãe tinha que chamar muitas vezes. Cortar as unhas, nem pensar e escovar os dentes era uma peleja. Todos os dias a mãe de Joãozinho falava, pelo menos umas cinco vezes, para o menino tomar tento.
Um dia a mãe teve de viajar para longe. Foi a trabalho por uma semana e deixou Joãozinho com a avó que estava velhinha, não ouvia bem e sempre caía no sono na frente da TV.
A vó de Joãozinho, no primeiro dia, insistiu para o menino ir para o chuveiro. O menino dizia "calma, peraí e já vai!" numa ordem sistemática que a velha resolveu deixar o garoto e foi dormitar.
Passaram os dias e a rotina se instalou. O menino sujinho, foi ficando com um cheirinho também desfavorável. A avó o chamava todos os dias, mas o teimoso repetia a ladainha.
Um dia adormeceu no chão da varanda mesmo, debaixo da poltrona de metal e almofadas listradas. Já era tardinha e dois funcionários do zoológico da cidade estavam passando por ali.
- Peraí, Cesinha! Olha que bicho estranho!
- É mesmo, Zé! Vamos lá olhar!
Pularam o muro baixinho, passaram pelas roseiras e chegaram perto. Viram que aquela criatura estava dormindo e, pelo ronco, parecia um bicho preguiça.
- Vamos recolher para o zoo...pega de lá que eu pego de cá!
Passaram o menino para o furgão e lá se foi o menino cabeludo, fedorento e desobediente.
Puseram-no numa cela e saíram, pois já era fim do expediente.
O menino despertou horas mais tarde. Começou a chorar miúdo, no escuro... Morreu de medo!
No dia seguinte, Cesinha e José chegaram cedo no trabalho e, como de costume, visitaram todas as celas. Ao passarem pelo menino, ouviram um choro parecido como resmungos de uma criança.
- Zé, você está escutando?
- Sim, e é o tal bicho esquisito.
Vamos lá ver?
- Choro de menino, pode ser menino!
- Vamos dar um banho nessa criatura, Zé?
- Sim, acho melhor! Vamos, pega de lá que eu pego de cá!
E levaram aquilo para o lavatório. Deram um bom banho, tosaram os "pelos" e cortaram as unhas. A transformação foi acontecendo e o Joãozinho reaparecendo.
Aquela criança chorava muito sentida, em meio a soluços ela disse o próprio nome. Passou o telefone de casa, o nome da mãe e da avó.
Passado umas horas, chegaram os parentes. Que alegria rever Joãozinho!
O menino abraçou sua progenitora, que retornara do exterior após o sumiço da criança. E disse arrependido:
- Nunca mais serei desobediente, mamãe. Serei asseado e bem mandado... Zoológico agora, não venho nem no feriado!
Cláudia Machado
24/2/18
Nota: Baseada na história que eu ouvia da minha mãe quando criança.