Como nasceram as onze-horas
TEXTO QUE ESCREVI EM 2010
COMO NASCERAM AS ONZE-HORAS
Eram muitas, mas muitas crianças que viviam numa casa com um quintal enorme, cheio de grama verdinha. As crianças corriam, brincavam, divertiam-se: eram felizes em sua inocência.
O tempo passava e elas a cada dia se sentiam mais e mais felizes. Durante a manhã toda participavam de brincadeiras, corridas, jogos. Conviviam com seus animais amigos, os cachorros, os gatos, os passarinhos do lugar e também com os peixinhos do lago. Seus familiares se encantavam com aqueles rostinhos tão alegres e delicados.
Certo dia seus pais foram viajar para um país distante e deixaram as crianças com os fiéis empregados, com os quais podiam contar quando precisassem; por infelicidade, caiu um temporal tão violento, mas tão violento que arrasou tudo: árvores, casas, animais, plantas e infelizmente até a residência da família foi destruída. Não ficou ninguém para contar a história. Sobrou apenas a plantação de gramas rasteiras incrivelmente verdinhas.
Ao voltarem, os pais mal podiam acreditar no que acontecera e entristecida, a mãe levantou os olhos em oração aos céus: pediu que lhe devolvesse as crianças, sob a forma mais simples e delicada que pudesse ser. Veio-lhe um enviado e comunicou que elas voltariam em uma determinada forma, mas que ficariam com eles apenas durante o dia, começando a se abrir todos os dias no horário em que fora entoada a oração; e que o doce beijo dos familiares seria trazido pelas abelhas. Tão doce o beijo que elas se espalhariam pelo mundo todo.
Nesse momento, exatamente às onze horas, começaram a brotar naquele gramado lindas e coloridas flores de singela beleza. A partir desse dia, quem passasse por aquele quintal às onze horas, parava em sua caminhada e ficava a esperar a floração que a partir daí, perdura até os dias de hoje, sempre durante o dia e recolhendo-se à noite, momento de repouso dessas que tão lindamente enfeitam os jardins e alegram os nossos sentidos.
Cida Micossi, Santos, 21/08/2010