O ESTOJO DA LAGARTIXA EUNICE
A lagartixa Eunice era uma menina muito meiga e dedicada. Aos 12 anos de idade frequentava a 7ªclasse na escola do Iº Ciclo Comandante Loy. Tinha inclinação para o desenho e por isso, fazia questão de no futuro especializar-se em arquitectura.
Quando o assunto fosse geometria, Eunice sentia-se na sua zona de conforto e nunca escondia a sua preferência, sobretudo nas confidências com a amiga, a pequena Florbela, uma aranha que era o encanto da turma: - Sabe Florbela, adoro geometria. É assim como o macaco e a banana! – Relacionava a lagartixa Eunice.
- Dá para ver amiga. Sinto o brilho nos teus olhos quando tens em mãos um instrumento apropriado para o desenho geométrico. – Concordava a aranha Florbela.
Porém, há muito que a lagartixa Eunice implorava por um estojo novo. E certo dia ao regressar à casa, o estojo que tanto pretendia esperava por ela. Uma agradável surpresa proporcionada pelo seu papá. Eunice não conseguiu conter a sua satisfação: - Obrigada papá. Hoje é o dia mais feliz da minha vida! - Rejubilava-se a lagartixa Eunice.
Mas não tardou para que a alegria de Eunice divergisse com a rixa entre os instrumentos que compunham o estojo. Cada um tentava buscar o destaque para si, sobre qual deles seria mais útil à menina Eunice. O transferidor, por exemplo, tudo fazia para desmoralizar o compasso: - Tu compasso, com essas pernas longas de nada servirás. – Provocava o transferidor.
- Conheço o meu valor. E tu jamais conseguirás afectar a minha autoestima! – Replicava o compasso.
Estavam os instrumentos geométricos nessa discussão, quando a lagartixa Eunice resolveu intervir: - Acalmem-se. Isso é como numa família ou numa comunidade. Cada um com a sua função, mas todos com o mesmo objectivo.
- Como assim? - Perguntaram, em uníssono, os instrumentos geométricos.
- Quando vocês entram em acção o objectivo é produzir um desenho geométrico. Com o compasso eu traço arcos, o esquadro me permite elaborar rectas, para avaliar e marcar comprimento nada melhor do que a régua. E ainda tem o transferidor que serve para medir e executar ângulos. – Elucidou a lagartixa Eunice.
Feito o esclarecimento, os instrumentos do estojo da lagartixa Eunice finalmente perceberam a importância de trabalhar em equipa. E ainda mais, quando ela reforçou a sua explanação: - Se, eventualmente, um de vocês caminhar à margem, nunca teremos um desenho bem conseguido. O mesmo é dizer que, se um membro de uma família ou de uma comunidade se afastar dos propósitos do colectivo a sociedade fica desequilibrada.