DOCE DE CASCA DE LARANJA

A tarde findava, o sol se despedia com seus raios avermelhados.

Fazia frio, o fogão de lenha a todo vapor, família reunida ao redor das labaredas.

Um saco de laranja azeda, cascas grossas para fazer doce.

Eram quatro ralos feitos de latas velhas que serviram por muito tempo para guardar gordura.

Ralos furados com pregos e neles a família ia ralando as cascas. Tirando só a superfície.

Eu com a faca na mão cortava em cruz as laranjas raladas, tirando os miolos e jogando fora.

Depois de ralar todas as laranjas e cortá-las, Mamãe as colocava num taxo com água e bicarbonato.

A partir daí ficávamos à espera do doce que ficaria pronto somente oito a nove dias depois.

Todos os dias dona mamãe trocava a água e colocava bicarbonato de novo. Esse ritual era realizado durante oito a nove dias. Mamãe dizia que era para tirar o ácido das cascas.

No último dia, papai improvisava um fogão de lenha no terreiro e mamãe colocava as cascas no taxo, agora sem água, apenas açúcar. Bastante açúcar!

Quando as cascas das laranjas estavam bem umedecidas no calor do fogo e no açúcar, mamãe acrescentava a água na medida certa.

Ela ia mexendo as cascas de laranja até dar o ponto certo. E sempre raiando comigo que ficava ao redor, pois as bolhas fervescentes que saiam daquele caldo podiam me queimar. O caldo estava grosso e bem docinho!

À noite, a família novamente se reunia para saborear o doce de cascas de laranjas com aquele “quejin” bem mineiro.

Doce quente, bem quente!

Nos outros dias era servido em temperatura ambiente, pois em casa não tinha geladeira.

Sem contar aquelas cascas que de vez em quando eu roubava e saia comendo pelo terreiro.

Lá em casa doce de casca de laranja era feito e consumido assim.

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 05/07/2017
Código do texto: T6046226
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