PÉ DE MOCHOQUEIRO
Restinga de mato nas barrancas do riacho de águas cristalinas na fronteira do sítio.
Tardes frias de inverno, eu menino peralta, andava por baixo daquela mata ciliar.
O alarido pelo meio da capoeira ciliar era inconfundível.
Uma mistura de conversa das águas com os pássaros da restinga.
As águas desciam pelas minúsculas quedas d’água e seguiam o percurso na direção do rio maior.
Eu passeava pelas sombras geladas, chão limpinho da restinga, todo pisado pelo gado.
Somente um tronco me chamava à atenção.
O pé do mochoqueiro, uma árvore gigante diante das outras da restinga onde eu andava.
Suas flores vermelhas pareciam patinhos pendurados, como eu gostava de coleciona-las.
Formigas enormes viviam caçando fundos nas raízes sobressalentes da velha árvore.
Mas era sempre perigoso ficar passeando ao lado do seu tronco, pois era espinhoso e pareciam mais as mamas de porcas prestes a parir.
Quando despercebidamente eu pisava sobre um deles, no mínimo andava mancando uma semana.
Por segundos me veio à mente o pé de mochoqueiro!
Tão bonito que ele era!
Abria seus patinhos em todas as estações, principalmente na estação da primavera!
Árvore de mochoqueiro!
Que saudade!
É isso aí!
Acácio Nunes