A história dos ovos de páscoa.
Há muito, muito tempo atrás, quando não existia televisão, nem cinema e nem revistas ou jornais, as famílias eram muito numerosas: os casais tinham na maioria dez ou mais filhos. E viviam felizes na vida do campo, ordenhando as vaquinhas, pastorando as ovelhas, viajando no lombo dos burrinhos até os povoados mais próximos, para visitar os vizinhos, criando galinhas e vivendo de tudo que a terra dá. As crianças viviam felizes, correndo nos campos, colhendo flores para brincar de casinha, caçando passarinhos, colhendo ovos nos ninhos, correndo atrás de bichinhos...
Aos domingos, tinha missa na igrejinha dos povoados e as mulheres iam de cabeça coberta, os homens de terno e chapéu para ouvir o padre contar as historinhas de Jesus.
E havia uma história que ele contava que era muito triste. Era a história em que Ele era preso, condenado e pregado na cruz. E todos ficavam muito tristes, imaginando o quanto Ele devia ter sofrido por culpa das pessoas, que naquela época, não acreditaram que Ele era filho de Deus.
As crianças daquele tempo então ficavam muito deprimidas, vendo a tristeza dos pais... Tudo parecia muito sombrio, o tempo ficava cinza, o céu ficava escuro, as flores ficavam murchas e até os animais ficavam amuados. E assim era a semana inteira, gente amuada até chegar o domingo de páscoa, onde a alegria voltava, porque segundo eles, esse era o dia em que Jesus ressuscitava e subia aos céus.
Foi então que uma daquelas mães teve uma idéia!
- Não aguento mais ver meus filhos tão tristes!!! Criança não devia sofrer com essa injustiça dos homens! Vou inventar algo para que eles esperem a páscoa com alegria.
E então ela pensou... Pensou... E teve uma idéia.
- Já sei! Vou colorir ovos (naquele tempo não havia supermercados e nem fábricas de chocolate), recheá-los com doce e escondê-los no jardim. Depois vou pedir que eles procurem a surpresa. Vai ser uma festa.
E assim ela fez. Esperou a noite chegar e encheu as cascas de ovos com doce, coloriu-os, enfeitou-os e os espalhou pelo quintal e pelo jardim, tudo muito bem escondidinho. Satisfeita, foi dormir.
No outro dia, depois do café, avisou aos filhos:
- Crianças, hoje é um dia especial: alguém me disse que, todas as crianças que se comportaram direitinho, e que têm muito amor no coração, vão ter uma agradável surpresa. E acho que está cheio de surpresinhas no nosso jardim. Por que vocês não vão lá fora procurar?
As crianças saíram em alvoroço e foram procurar nos cantinhos da casa, no jardim e no quintal. E gritavam loucas de alegria, toda vez que encontravam um ovo colorido.
Só que, de repente, uma delas perguntou:
- Quem será que deixou essas delícias para a gente?
- Quem? Quem? Perguntavam todos.
Foi nesse instante que algo curioso aconteceu. Numa moitinha de capim, onde havia alguns ovos, uma coelhinha adormecida, muito preguiçosa, estava escondidinha, dormindo o soninho da manhã... Ao ouvir as crianças, acordou assustada e foi se espreguiçando toda, em volta dos ovos.
Ao ver os meninos se aproximando, fugiu assustada e como os ovos ficaram ali onde ela estava dormindo, as crianças imaginaram que fora ela quem trouxera os ovinhos para eles...
Foi assim que surgiu a história do Coelhinho da Páscoa. A mamãe autora da idéia sorriu da inocência das crianças, mas fez segredo de que fora ela a inventora dos ovos coloridos. Para ela, bastava ver a alegria das crianças, se divertindo felizes com a história do coelhinho.
E até hoje, no mundo todo, quando é tempo de páscoa, as crianças que não sabem dessa história, ficam loucas esperando a chegada do coelhinho com seus ovos, que hoje são de chocolate e que foram espalhados pelo mundo inteiro.