A alma do outro mundo
Era noite escura. E as meninas estavam numa estrada de chão a caminho de casa. de repente uma delas – a mais nova – grita que tem medo de vento forte.
— Este vento parece com o som de uma pessoa chamando... — disse Gisele.
A luz de umas poucas estrelas parecia estar muito distante e a lua tinha desaparecido. Adriana, a irmã de Gisele, caminhou mais próxima a esta, e seus olhos pareciam ter uma lanterna encantada.
— Não tenha medo! Estou aqui. — falou segurando uma mão de Gisele.
As meninas apressaram os passos. o vento palpitava nas árvores ao lado do caminho, como se alguém estivesse correndo para pegá-las. Elas deixaram de falar e apertaram-se as mãos.
E o som do vento cruzando a noite chegou mais perto. Já estava quase nas meninas...
Primeiro o som parou, depois elas viram um vulto de alguém pequeno, caminhando à frente delas, iluminado por uma lua que surgiu de súbito na noite. Então, viram quando o andante pulou para dentro da mata ao lado do caminho. Notaram ainda que usava roupa branca, e que tinha uma correntinha ao pescoço. Então gritaram:
— Quem é você? Alguém que conhecemos?
As duas meninas começaram a se tremer de medo. Gisele, de apenas cinco anos, podia ser ouvida chamando pela mãe e chorando. Adriana, com seus quase dez anos, procurava ser forte e fez voz de valente:
— Se você quer nos assustar não vai conseguir! A gente tem muita coragem viu?...
Mas Gisele perguntou baixinho: “E se for uma alma do outro mundo, mana?” Adriana encarou-a com olhos repletos de luzes de uma aguerrida proteção para com a irmã: “Ploc, ploc! É apenas o vento brincando nos galhos das árvores e a lua pulando para sair das nuvens escuras que a prenderam”. E, no mesmo instante, pegou da mãozinha de Gisele e saiu saltitando pelo caminho; “ Ploc, ploc! Ploc, ploc!”
E parece que a pequena gostou da brincadeira, pois se esqueceu do vulto confuso entre as árvores, que somente se ouviu os sons dos passinhos delas ficando mais longe, mais longe... Ploc, ploc! Ploc, ploc!