SEMPRE AMIGOS

A rotina da sala de 1º ano da professora Elisa era alegre e cheia de novidades. Ela havia conseguido com que os seus alunos fossem amigos e participativos.

Algumas vezes, acontecia um desentendimento, mas com um jeitinho amoroso, muita paciência e disciplina a professora conseguia contornar a situação e tudo se resolvia.

Um dia, a diretora chegou com uma novidade, um aluno “cadeirante”, o Bruno, iria começar a freqüentar a sala e pediu que todos cooperassem com ele.

A classe ficou sem entender o que é ser “cadeirante” e pediu explicações a professora. Este assunto passou a ser o tema central da sala, a fonte de pesquisas e assunto predileto da roda de conversa.

As crianças estavam ansiosas para conhecer o novo amigo, pois imaginavam que estavam preparados para dar uma linda recepção ao Bruno.

Quando o Bruno chegou, conduzido pela mãe, todos se aproximaram ansiosos para fazer amizade. A mãe ficou feliz em ver a disposição dos alunos e ao conversar com a professora pediu que cuidassem muito bem de seu filho. Elisa tranqüilizou-a e ela foi embora.

Bruno se mostrou bastante tímido e não retribuiu as tentativas dos amigos em travar uma conversa ou incluí-lo nas brincadeiras. Ele não se mostrou disposto a fazer amigos, queria apenas se manter longe de tudo e rejeitou qualquer iniciativa de aproximação.

Lilico e seus amigos ficaram chateados e tristes ao perceberem que o plano deles em relação ao novo amigo estava prestes a ir por água abaixo. Para salvar a situação, tiveram uma grande idéia e levaram a sugestão para a professora.

O plano era levar a turma para um piquenique numa praça no centro da cidade e assim agradar o novo amigo. Os alunos aprovaram de imediato a proposta e a diretora pediu um ônibus para o passeio.

Todos se mobilizaram para organizar o piquenique. Dividiram as tarefas, cada grupo de alunos ficou responsável para providenciar as guloseimas, o refresco, a toalha e os copos, Elisa ajudou em todos os detalhes.

Mas, Bruno permaneceu alheio aos preparativos e não demonstrou nenhuma animação. De vez em quando ele observava os amigos e perguntava algo, mas logo se retraia e trancava-se em seu mundo particular.

No dia do piquenique, as crianças mostravam-se muito alegres não conseguiam esconder a expectativa. Falavam sem parar e riam de tudo. O clima era de alegria e entusiasmo.

O ônibus chegou no horário marcado. A professora entrou primeiro e chamou os alunos e todos foram se acomodando nas poltronas. Lilico foi um dos últimos a entrar e percebeu que Bruno ainda estava na calçada esperando sua vez. Ele avisou a Elisa e ela foi tentar resolver o problema. Pediu ao motorista para colocá-lo no ônibus e este meio constrangido, disse que o ônibus não era adaptado para atender os deficientes e ele não podia fazer nada.

A professora ficou completamente sem ação. O que fazer? Como poderia deixar o Bruno sem o passeio e como privar os outros deste passeio tão esperado? Que situação difícil!

Lilico percebeu a situação e disse:

- Olha, professora, eu não faço questão deste passeio. Posso ficar com o Bruno aqui na escola e tomaremos o lanche juntos!

Ela ficou sem resposta, confusa com a situação. A turma percebendo o fato começaram a conversar sobre o problema. Clara e Lilico fizeram a proposta de ficarem todos no pátio da escola e fazer um piquenique na quadra. Todos aceitaram. Assim todos foram descendo da condução, trazendo os apetrechos do piquenique.

A professora acompanhou a turma emocionada e orgulhosa por presenciar uma linda prova de amizade e amor ao próximo.

Bruno ao perceber que não foi deixado sozinho e que todos queriam sua companhia, abriu um lindo sorriso e seu rosto se iluminou com uma expressão de pura felicidade.

Todos alegres e com grande animação fizeram um piquenique com muitas brincadeiras, histórias e piadas. Bruno era o mais falante e alegre dentre todas as crianças. Foi um dia maravilhoso para todos.

No dia seguinte na hora da conversa, a turma seguindo uma orientação da professora, redigiu uma carta à empresa de ônibus pedindo que tomem providências para que as conduções possam ser adaptadas para atender as necessidades de todos, principalmente dos portadores de necessidades especiais.

Noriko Izumi
Enviado por Noriko Izumi em 17/10/2016
Código do texto: T5794755
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