O pequeno Peralta: A Rua dos Zumbis

A minha rua é uma coisa chata, não posso sair, porque segundo papai, os zumbis me pegariam. Uns monstros feios que perambulam dia e noite na minha vizinhança. O Bolota queria jogar bola, chamava pela janela de sua casa, eu dizia que iriamos, quando os zumbis saíssem do parque, mas não saiam, ficavam fumando e dormindo, hora na calçada, hora na sujeira da esquina. Passávamos o dia inteiro em casa, uma vez ou outra, nossas mães se reunia. Bolota trazia suas coleções de cartas de Naruto, o Kaike também aparecia com seus bolsos cheios de bala e o Dacle não trazia nada. Conversávamos sobre os zumbis, não tinha graça brincar em pouco espaço, era super chato, na ultima vez o Kaike bateu com a cabeça no nariz de Bolota, saindo muito sangue.

No caminho da escola, papai andava tão rápido que às vezes parecia que corria, minha garrafa de água ia e voltava nos ombros, falava que era para aproveitar, enquanto, os zumbis dormiam em suas caixas. Minha professora sempre perguntava o que mais interessante havíamos feito no final de semana, Bolota e eu sempre falávamos dos zumbis, mas ela não falava sobre eles, mas falava das borboletas da Joana e dos pássaros do Carleto, dizia que não sabia nada dos zumbis no momento. Uma vez, vi um de perto, cara de osso, as unhas sujas, olhos fundos, e cabelos grandes, parecia que suas mamães não davam carão neles. Dizia para papai que eles morreriam nas madrugadas sem comer, só com umas latinhas de refrigerante nas mãos, se pelo ao menos alguém levasse sucos para enchê-las.

Certa vez, mamãe chegou à nossa casa chorando, no portão um zumbi barbado queria entrar, papai pegou uma pá de lixo e os tangeu pro seus lugares. Mamãe disse que haviam puxado sua bolsa. O resto da conversa não escutou alguém fechou a porta. No receio da Escolinha, contei a treta para o Dacle, Bolota e o Kaike.

- Você não sabe é de nada, outro dia os poliça atiraram num zumbi perto da minha casa - Disse Kaike.

- E uma vez os zumbis brigaram entre eles, por modo de uma pedrinha amarela - Disse Dacle.

Medo dos zumbis, nem chegávamos perto, corríamos todas as vezes que um se aproximava do portão da minha casa, ficávamos debaixo da mesa e falávamos pra mamãe e suas amigas. Era a segunda vez que um cara de roupa estranha e com um laço no pescoço, prometia para a vizinhança que iria tirar os Zumbis dali, Papai não acreditava neles e os expulsava de casa.

No parque de diversões, eles apareciam e ficavam olhando para a gente pular no pula- pula, riam muito. O Dacle que tinha mais medo que todos juntos, começava a se mijar e se acocava. Mamãe nos levava para casa.

Papai, um dia estava estressado com os zumbis, gritava para sair, muito brabo com os que estavam na calçada. Agora saímos de carro, todos os dias para a Escolinha. Nossa professora pediu para desenhar algo, desenhei um zumbi igual àqueles que eu via todo dia. Bem, mudamos de casa, para alivio de Mamãe, Papai e euzinho.