LILICO

Era uma vez um menino esperto, inteligente e carinhoso chamado Lilico.

Sua mãe, uma negra bonita e trabalhadeira estava muito orgulhosa em matricular seu filho querido na escola de seu bairro. Sempre que saía para trabalhar, admirava a beleza e a imponência do edifício e sonhava com o dia em que seu filho pudesse frequentar a escola junto com outros meninos da vizinhança.

No primeiro dia de aula Lilico chegou ansioso, estava todo arrumado com sua bolsa e o uniforme novo. Estava emocionado com a possibilidade de poder fazer novos amigos e ter uma professora que lhe ensinasse a ler e escrever, pois seus pais lhe disseram que era o jeito que as pessoas tinham para melhorar de vida.

Já na fila, um menino deu um empurrão para lhe tomar o lugar, uma funcionária viu a agressão e chamou a atenção do garoto. Este ao ser corrigido, olhou ameaçador para Lilico e disse que no recreio iria acertar as contas.

Na classe, tudo transcorreu normalmente. Ele adorou a professora! Era dócil e comunicativa e tinha muita paciência. Conversou com a turma, deu as boas vindas , contou história e deixou a turma desenhar. Chegou a hora do recreio, o coração do menino ficou apertado pela ameaça do menino, mas teve que descer para o pátio.

Estava lanchando sozinho, pois nenhum amiguinho quis sua companhia. Neste momento, o menino que o empurrou na fila, chegou com mais ou menos dez amigos e começou a insultá-lo e humilhá-lo dizendo: “neguinho, pedaço de carvão por que não vai engraxar os sapatos” . Lilico ficou assustado, depois sentiu um misto de revolta, tristeza e medo. Os meninos não pararam e começaram a cantar em coro: “... vida de nego é difícil, é difícil como quê,lé,lé,lé,lé ”.

O menino não suportando tanta humilhação, saiu correndo para algum lugar onde pudesse encontrar um pouco de paz. A professora ao ver o estado desesperador foi ao seu encontro e pediu que lhe contasse o que aconteceu. Ao saber do fato, olhou carinhosamente nos olhos dele e prometeu conversar com a turma a respeito, Lilico se sentiu protegido.

Quando os alunos voltaram à sala, encontraram dois pacotes em cima da mesa da professora. O primeiro estava coberto com um papel colorido e o outro com um papel pardo. A mestra propõe aos alunos que escolham o pacote que mais lhes agrade. É lógico que a maioria escolheu o primeiro pacote e para a surpresa de todos; quando a professora tirou o revestimento encontraram um tijolo no pacote colorido e no outro uma caixa de bombons.

Diante da surpresa dos alunos , ela explicou que todos nós somos como um pacote de presente, revestidos com um papel (a nossa pele) , pois Deus em sua sabedoria nos fez diferentes para podermos aprimorar o nosso senso de respeito, e principalmente testar a capacidade de amar e compreender o próximo. E completou dizendo que todos somos diferentes, mas que cada um de nós temos a “nossa beleza singular”. Os meninos envolvidos no “episódio racista”,ficaram extremamente envergonhados e pediram perdão ao Lilico.