Paulinho 

Paulinho e seus pais, Carlos e Maria, viviam num belo lugar, uma casa na floresta à beira de um rio. O local era distante, pois para ir a cidade mais próxima, levava cerca de duas horas de caminhada por uma trilha. Eles pouco precisavam sair do local onde moravam. Para sua alimentação, tinham uma horta e um pomar e além disso, havia o rio próximo com muitos peixes. Parte da colheita dos vegetais e parte do pescado, seu Carlos colocava no lombo de um burrico e os levava para vender no mercado da cidade, garantindo assim um dinheirinho para o sustento da família. 

Seus pais eram jovens e já moravam no local há cinco anos. Paulinho vivia nessa casa desde que nascera e já haviam passados quatro anos. Era uma criança saudável e cheia de energia, mas tinha algo que o fazia ser diferente. Nascera com mãos incompletas e possuía somente um dedo indicador no lugar de cada mão.  Era muito amado pelos pais que lhes davam atenção redobrada para que superasse sua deficiência. Eles  se sentiam recompensados, pois Paulinho era feliz e a cada dia ia se superando. Sempre encontrava um jeitinho de fazer as coisas sem ajuda e até mesmo se oferecia para ajudar seus pais nas tarefas do dia-dia.

Paulinho não tinha irmãos e tão pouco amigos para brincar. Sua diversão eram então seus brinquedos e seu gatinho Roy. Brincava e conversava com eles se divertindo por horas. 


SEGUNDA PARTE

O sonho de Paulinho

Ao amanhecer, Paulinho foi acordado pelo alvoroço dos passarinhos que cantavam nos galhos de uma árvore próxima a janela de seu quarto. Ele dormia profundamente e assim deu muito trabalho para os passarinhos que pareciam querer acordá-lo . Ao abrir os olhos teve uma sensação estranha de ter estado em um lugar muito diferente do seu quarto. Aos poucos vai se lembrando que o local onde estivera não tinha parede ou chão, e ele podia ver a si mesmo como se fosse duas pessoas. Vem então a lembrança de que ele tinha visto a si mesmo com mãos perfeitas, cada uma com os seus cinco dedinhos. Ele se lembra também que segurava e mordia uma maçã com sua mãozinha. Foi então que o alvoroço dos passarinhos o acordou.

Paulinho como habitualmente fazia, se levantou, foi ao banheiro fez sua higiene e seguiu para mesa do café da manhã, onde sua mãe já o esperava. Sentia uma sensação estranha que ainda não tinha explicação. Ele não sabia que tinha tido um sonho. Até então seus sonho não tinham imagens mas apenas sensações de medo ou alegria. Ao chegar na mesa onde o seu café já estava pronto, o seu olhar, como se tivesse olhando para dentro de si, chamou atenção de sua mãe que prontamente perguntou,
- você está com algum problema meu filho?
responde então Paulinho,
- mãe, acordei achando que estive num lugar estranho e nesse lugar minhas mãos tinham todos os dedos. 
Antes que Paulinho concluísse qualquer coisa, sua mãe disse,
- filho você sonhou. 
Paulinho então olhou firmemente para sua mãe e  perguntou,
- mãe e se eu tivesse então duas mãos como as suas, gostaria mais de mim?
Sua mãe responde prontamente,
- filho se eu tivesse apenas um dedo em cada mão, você gostaria menos de mim?
Paulinho então respondeu a sua mãe com um gesto carinhoso, abraçando-a fortemente com os olhos  cheios de lágrimas.


TERCEIRA PARTE 

A visita do primo

Maria estava muito alegre pois sua irmã Clara iria visitá-los depois de  quatro anos do último encontro que ocorrera logo após o nascimento de Paulinho. A alegria era ainda maior pois seu sobrinho Pedrinho também viria. Ele era cerca de um ano mais velho do que Paulinho e assim a pequena diferença de idades seria muito boa para eles se entenderem.

Paulinho estava ansioso para conhecer seu primo. Desde que nascera poucas vezes tinha tido oportunidade de estar próximo de outras crianças. Às poucas vezes que isso ocorreu foram quando acompanhou seu pai até o mercado. Ao longo do caminho passava por alguns locais onde crianças brincavam, mas nunca teve oportunidade de estar com elas.

O momento tão esperado acontece. Tia Clara e Pedrinho chegaram. Paulinho estava no seu quarto brincando quando escutou a voz de seus pais muito alegres ao receber os visitantes.  Correu para sala onde todos já se encontravam. Chegando na sala o que primeiro viu foi  seu primo. Ficam então parados um diante do outro a se entreolhar. Todos então dirigem suas atenções para aquele encontro. Pedrinho olha para os braços de Paulinho, fazendo  com que este também olhe para seus próprios braços. Ao retornar seu olhar para o primo, este já se encontrava afastado segurando a perna da mãe. Paulinho sem saber o que fazer ficou parado olhando para sua mãe. Clara aponta para Paulinho ao mesmo tempo que com a outra mão conduz seu filho na direção do primo, dizendo então
- ele é seu primo, vá abraçá-lo, ele espera por isso! 
Paulinho abaixa a cabeça pendendo-a para o lado e como que tivesse arrependido de ter se afastado, agora se aproxima do primo. Maria percebendo a dificuldade dos dois também estimula seu filho,
vá lá Paulinho, abrace seu primo, ele também espera por isso. 
Clara já sabia que esse momento seria difícil para Pedrinho e por isso, já havia conversado com ele explicando que seu primo tinha um problema nas mãos, mas que isso não iria atrapalhar a amizade deles. Enfim, meio sem jeito os dois se abraçam e em seguida Paulinho chama o primo para brincar em seu quarto.  

Pedrinho se surpreende com os brinquedos de Paulinho, pois não eram do tipo comum que se encontram em lojas de brinquedo. A maioria eram miniaturas em madeira muito bem feitas à mão. Haviam vários carrinhos, caminhões, um trator e diversos bonecos. Carlos o pai de Paulinho foi quem fez todos esses brinquedos. Pedrinho também se surpreende com a facilidade  que seu primo movimentava seus brinquedos, mesmo tendo suas limitações. O gatinho Roy fez sucesso, um super companheiro, onde eles estavam Roy estava junto, sempre roçando nas pernas com o rabo em pé e pedindo carinho. No final do dia os dois já haviam superado aquela dificuldade do primeiro encontro. A amizade entre os dois só foi aumentando e já brincavam no quintal da casa com muita correria e pulos de amarelinha. Brincavam também na beira do rio, vendo os peixes que chegavam na beira para comer miolo de pão lançado por eles. Atirar pedras no rio também foi mais umas de suas diversões. Eles conversavam muito e a amizade só crescia, despertando em Paulinho uma grande vontade de em um dia poder visitar seu primo depois que fosse.

Chega então o dia do retorno. A despedida foi dura para as crianças que se tornaram grandes amigos e a tristeza da despedida só foi amenizada com o convite feito a Paulinho para passar uma temporada na casa de Pedrinho. 

Paulinho ficou no portão de casa até não poder ver mais o aceno e sorriso do primo.

CONTINUA, Aguardando incentivo e inspiração

Quem sabe se Paulinho não se tornará um campeão paralímpico no tênis de mesa?

Conto com sua sugestão para prosseguir.
Roberto Morand
Enviado por Roberto Morand em 04/08/2016
Reeditado em 02/09/2016
Código do texto: T5718471
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