Mamazinhos samaritanos?
Com todo mundo só pensando naquilo: estudar, pra no admissão passar, tropeço-me ao narrar, com a lembrança já a falhar. Olvido salutar?
A verdade é que eram puxadas as aulas no curso de admissão, ministradas no próprio ginásio, entre as sete de dez e meia da noite. Naquele fim de ano de 61, éramos uns vinte e tantos, alunos de procedência e experiência variadas. Eu havia mal completado a quarta série primária e me juntei ao grupo em fins de novembro. Tinha completados onze anos de idade e ainda não fazia jus às calças compridas. A moçada adolescente perfazia a maioria dos alunos. Davam-me pouco papo e ainda menos atenção.
Foi quando surgiu Samara, aquela jóia rara. Em idade, deveria regular comigo, mas no resto, desregulava, que era um castigo. Vivia aquela breve fase em que se feio ficava-lhe um sutiã, sem receio, embora vespertina, era a vera imagem de uma estrela matutina. Uns seinhos pontudinhos que teimavam em empinar, e mais não precisava se esforçar.
E em plena aula, que jaula, urgente, impenitente, a gente se punha a sonhar. Daria pra passar?