CARINHO DE CLARINHA
nair lucia de britto
Chovia, céus como chovia!!!..
Ruas alagadas, céu nublado, nuvens cinzentas e muito frio!
Todos pareciam entocados dentro de casa e o silêncio se fazia total. O único ruído era da chuva que, a seu modo, parecia canção de dormir...
-- Que tempinho ruim! -- ouviu a mãe observar. Lembrou-se
de uma frase que lhe dissera um colega da Escola.
-- Que seria das batatas, se não fosse a chuva!
A mãe riu e concordou:
-- É verdade.
Cansada de ficar dentro de casa, Clarinha foi até o terraço e ficou olhando a chuva. O vento bateu no seu rosto, mas ela até que gostou. De repente viu um pombo, solitário, todinho molhado, abrigando-se da chuva debaixo do beiral do telhado; em frente à janela. Clarinha apiedou-se imediatamente da pobre avezinha.
Que mal fizera para sofrer tanto assim? Lembrou das recomendações da mãe para evitar aproximar-se dos pombos porque eles, involuntariamente, poderiam transmitir várias doenças; por serem carentes do devido cuidado da ação humana.
Mas Clarinha, que tinha bom coração, não poderia deixar de fazer algopor aquele pombo, que sofria. Com os cuidados necessários, ensinados pela mãe, Clarinha resolveu ajudar a ave. Para isso, pegou um guarda-chuva grande e um barbante. Abriu o guarda-chuva sobre o pombo e amarrou o cabo dele na grade da janela. Depois cobriu-o com um pano.
A ave não se assustou, parecia entender que estava sendo ajudada. Apenas deu alguns passos pra lá e pra cá... e permaneceu debaixo do guarda-chuva. Feito isso, pegou um pedaço de bolo que a mãe fizerera para o lanche da tarde e ofereceu ao pombo. Como ele não aceitasse de pronto, ela deixou o bolo lá, ao seu alcance.
A tarde passou e o pombo ficou lá, abrigado da chuva. De vez em quando Clarinha ia olhar, pra ver como ele estava. À noite, antes de dormir, Clarinha rezou pedindo a Deus que a chuva parasse, para que o pombo não sofresse mais.
Quando acordou, de manhã, a chuva tinha parado. A primeira coisa que fez foi ver se o pombo havia se recuperado e voltado a voar. Mas ele ainda estava lá.
Chegou um pouco mais perto, para vê-lo melhor. Então percebeu que seu corpinho frágil estava completamente rígido e imóvel. Os olhinhos, porém, estavam bem abertos, alegres e felizes pelo carinho que recebera antes de partir...
Pintura de Pablo Picasso
nair lucia de britto
Chovia, céus como chovia!!!..
Ruas alagadas, céu nublado, nuvens cinzentas e muito frio!
Todos pareciam entocados dentro de casa e o silêncio se fazia total. O único ruído era da chuva que, a seu modo, parecia canção de dormir...
-- Que tempinho ruim! -- ouviu a mãe observar. Lembrou-se
de uma frase que lhe dissera um colega da Escola.
-- Que seria das batatas, se não fosse a chuva!
A mãe riu e concordou:
-- É verdade.
Cansada de ficar dentro de casa, Clarinha foi até o terraço e ficou olhando a chuva. O vento bateu no seu rosto, mas ela até que gostou. De repente viu um pombo, solitário, todinho molhado, abrigando-se da chuva debaixo do beiral do telhado; em frente à janela. Clarinha apiedou-se imediatamente da pobre avezinha.
Que mal fizera para sofrer tanto assim? Lembrou das recomendações da mãe para evitar aproximar-se dos pombos porque eles, involuntariamente, poderiam transmitir várias doenças; por serem carentes do devido cuidado da ação humana.
Mas Clarinha, que tinha bom coração, não poderia deixar de fazer algopor aquele pombo, que sofria. Com os cuidados necessários, ensinados pela mãe, Clarinha resolveu ajudar a ave. Para isso, pegou um guarda-chuva grande e um barbante. Abriu o guarda-chuva sobre o pombo e amarrou o cabo dele na grade da janela. Depois cobriu-o com um pano.
A ave não se assustou, parecia entender que estava sendo ajudada. Apenas deu alguns passos pra lá e pra cá... e permaneceu debaixo do guarda-chuva. Feito isso, pegou um pedaço de bolo que a mãe fizerera para o lanche da tarde e ofereceu ao pombo. Como ele não aceitasse de pronto, ela deixou o bolo lá, ao seu alcance.
A tarde passou e o pombo ficou lá, abrigado da chuva. De vez em quando Clarinha ia olhar, pra ver como ele estava. À noite, antes de dormir, Clarinha rezou pedindo a Deus que a chuva parasse, para que o pombo não sofresse mais.
Quando acordou, de manhã, a chuva tinha parado. A primeira coisa que fez foi ver se o pombo havia se recuperado e voltado a voar. Mas ele ainda estava lá.
Chegou um pouco mais perto, para vê-lo melhor. Então percebeu que seu corpinho frágil estava completamente rígido e imóvel. Os olhinhos, porém, estavam bem abertos, alegres e felizes pelo carinho que recebera antes de partir...
Pintura de Pablo Picasso