GATA FILHA

Tinhamos duas gatas, gata mãe e gata filha.
Vivíamos felizes em nosso castelo onde elas reinavam soberanas e nós eramos seus súditos.
Para protege-las dos perigos da noite, corríamos fechar portas e janelas. Muitas vezes elas escapavam e iam arrasar o quarteirão e os telhados. Traziam miados e visitas de outros gatos querendo ganhar os corações delas. 
Com o passar dos anos, as janelas permaneciam abertas, elas iam e vinham quando bem quisessem.
Infelizmente não previamos o ocorrido: Gata filha voltou do telhado com os olhos ensanguentados e desde então não mais enxergou o brilho das estrelas.
Morreu um pouco de nós ali também, que tudo tentamos para salvá-la. Depois de inúmeras consultas, a depressão tomou conta dela. Em vão tentamos faze-la feliz novamente, contudo sua felicidade era sair pelas janelas.
No segundo dia que a médica a levou, recebi a notícia de seu óbito. A doutora Angela Marcia Requena tinha feito bem mais do que o seu papel de médica. Ela tinha se compadecido da dor de meus filhos e previu com certeza a morte dela. Seria menos doloroso ela estar longe de nós.
Contei com pesar para meus adolescentes o dque realmente tinha acontecido. A princípio pensei em contar aquela velha história de que a gata filha tinha ido morar num sitio muito especial e que não mais voltaria. Mas, como não são mais crianças contei a verdade e choramos juntos a saudade. 
Depois de algum tempo, eis que vejo minha filha contando a história do sítio para a gata mãe. Acho que ela entendeu porque ficou nos olhando e logo depois saiu miando pela casa. Muitos alegam que animais não tem alma ou sentimento,  o que eu duvido. 
Railda
Enviado por Railda em 11/01/2016
Reeditado em 20/11/2016
Código do texto: T5507866
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