A BATALHA NEGRA OU OS HOMENS QUE ESTAVAM NA VARANDA SE PROTEGENDO DA TEMPESTADE SOBRE O BOSQUE

- Menininho, venha aqui pra dindinha ajeitar esse uniforme. Hoje é seu primeiro dia na escola, tem que ir bonito.

O menininho foi até a dindinha que ajeitou o uniforme.

- Menina, cuidado com ele no caminho pra escola.

- Está bem tia.

- Agora vão pedir a benção a vovó e a mamãe.

A menina e o menininho foram a até vovó, a abraçaram e disseram:

- Sua benção vovó.

- Deus abençoe vocês.

Depois foram até a mãe:

- Sua benção mamãe.

- Deus abençoe.

A mãe se abaixou, abraçou e beijou o menininho, depois abraçou e beijou a menina.

- Não se esqueçam da dindinha. – Disse a vovó.

Eles abraçaram a dindinha e pediram a benção.

- Deus os abençoe meus anjos.

Quando estavam saindo pela porta da sala, a mãe disse:

- Menina, cuidado com ele, não atravesse na bomba, é perigoso, passe pelo parque para atravessar a rua.

- Sim senhora mamãe.

Eles saíram da casa, a menina fechou o portão e seguiram o caminho da escola pelo canto da calçada. Foram devagar e o menino parecia tranquilo, sem aquele medo da escola que era tão comum, depois de alguns minutos caminhando passaram pelo parque.

- A mamãe falou para atravessar pelo parque. – Disse o menino.

- Pela bomba é mais perto, não tem perigo. – Disse a menina

- A mamãe falou. – Disse o menino.

- Está bem, vamos pelo parque. – Disse a menina voltando e entrando no parque.

O parque de diversões ficava num terreno grande e só funcionava nos fins de semana, mas tinha a passagem livre e as mães preferiam atravessar por ali e não pelo posto de gasolina, chamado por alguns de bomba. Eles atravessaram a rua e seguiram em direção à escola. Um pouco antes da escola o menino parou.

- Menina, que lugar é esse todo de pedra?

- É um lugar aonde as pessoas buscam coisas invisíveis.

- É bonito lá dentro?

- Dizem que é muito bonito.

- E lá em cima, o que é?

- É uma torre, de lá dá pra ver muito além do mar.

- E você acredita em coisas invisíveis?

- Acredito, mas às vezes tenho medo.

- Medo de que?

- De crescer e deixar de merecer.

- Mas todos nós vamos crescer.

- É disso que tenho medo, de crescer.

- De crescer?

- De crescer e não ver mais o céu.

- Mas...

- Agora chega de conversa, chegamos na escola.

A escola parecia grande, e ficava ao lado da igreja de pedra, tinha dois pinheiros na entrada e dois lá nos fundos, depois do pátio, junto ao muro. O menino sentiu um certo tremor, mas foi em direção ao portão sendo puxado pela menina que estudava ali mesmo, ele olhou e entrou.