Cabra da peste...
Fiquei doido com os dois cabritinhos que estavam naquele cercadinho logo depois de passada a porteira para o pasto.
Galáticos feito eles só em sua alvura e travessura, saltitavam em torno da mãe, de pura felicidade. Acerquei-me com a intenção duma carícia, ou de um mero assédio infantil. Bullying à antiga. Afinal, do alto dos meus seis anos, eu me julgava com uma certa ascendência sobre aqueles dous pirralhos.
Só não contava com a reação assaz caprina daquele de que me aproximei: duma testada acertou-me a barriga fazendo-me escarrapachar, derriçando sobre pedregulhos e esfolando mãos e nádegas. Mas o que mais doeu foi o orgulho, sobre o pedregulho. Aquele tombo, na frente de papai, e de outras crianças, provocando tanta risada...
Jurei matar o perpetrante, mal me recompondo do tombo frustrante. E, mãos à obra, peguei duma pedra enorme, pronto a me justiçar. E errar o alvo. Que era mais alvo e nada papalvo. E estava a salvo. Sobretudo quando a mão de papai, mais pesada que a pedrada, e distraída nada, preveniu-me duma segunda investida. Fim da partida, derrota engolida.