História de Pica-pau.

Numa pequena cidade do interior do RS, vivia uma menina apelidada Pimentinha, devido a cor ruiva de seus cabelos e pele pingadinha do rosto.
Quando estava com seis aninhos e cursando o primeiro ano na escola, seu professor passou a levar a classe dela para visitação semanal à biblioteca da escola, com o intuito das crianças poderem escolher um livrinho de leitura desua preferência.
Toda semana, as crianças podiam levar um livro para casa, com a responsabilidade de o devolver à biblioteca na semana seguinte. Como recompensa, tinham direito a escolher outro por mais uma semana. Isto, para incentivar a leitura e alfabetização dos mesmos.
Os meses foram passando e Pimentinha renovava o mesmo livrinho: “O pica-pau amarelo”.
Um dia, o professor perguntou para a menina:
- Porque não leva outro livrinho para casa? Temos tantas outras histórias interessantes.
- Porque eu gosto do pica-pau amarelo.- respondeu segura, agarrada ao livro.
O maior sonho de Pimentinha era encontrar seu amigo Pica-pau fora do livro, para poder brincar com ele e dizer-lhe do seu carinho e admiração.
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Todo dia, para ir e vir do colégio, ela e sua irmã mais velha, saíam do sítio e andavam por uma estradinha de terra. Precisavam passar ao lado de uma mata, repleta de árvores de cinamomos.
Certo dia, voltavam da escola, quando Pimentinha escutou um Toc toc, vindo ada mata.
Cismada, perguntou para a irmã, que ia apressada à sua frente:
- Que barulho é este na mata?
- Que barulho?
- Toc toc! Toc toc!
- É o pica-pau...
Pimentinha arregalou os olhos e perguntou:
- Um pica-pau?
- Sim! Nunca viu um pica-pau?
O assunto perturbou a menina o restante do dia e prometeu procurar por seu amigo pica-pau no dia seguinte.
Alguns dias depois, Pimentinha teve que voltar sozinha da escola, porque sua irmã tinha uma atividade extra. Assim que chegou próximo à mata, aguçou o ouvido e logo escutou o toc toc vindo das árvores de cinamomo.
Nem pensou duas vezes. Largou sua mochila ao lado da estradinha e entrou na mata. De árvore em árvore, foi prestando atenção aos sons, até escutar o toc toc do pica-pau, bem próximo dela. Ergueu os olhos para o alto da antiga árvore e descobriu um pássaro com cara de pica pau, bicando o tronco do cinamomo. Por longo tempo ficou observando a cena.

      Aquele animal, não tinha o encanto do seu amigo Pica-pau do livro. Onde estavam suas penas coloridas, o penacho vermelho e o corpo amarelo e azul?
A presença dela nem interrompera o trabalho dele em bicar a árvore. Pimentinha permaneceu estática, estudando o movimento do pássaro.

Lentamente, afastou-se da mata e voltou para casa. Estava muito decepcionada com aquele pica-pau da mata. Precisava descobrir porque o pássaro que fazia toc toc não tinha as cores e o sorriso do seu amigo pica-pau do livro. Foi ter com sua mãe e perguntou ansiosa:
- Que cor tem o pica-pau?
A mãe simplesmente afirmou:
- Meio amarelo claro e cinza, acho...
Para uma criança, cheia de sonhos e fantasias, era o mesmo que descobrir que Papai Noel não existe.

      Passou dias difíceis e tristes. Enquanto folheava seu livrinho, muitas dúvidas surgiram no seu universo infantil. Será que todos animais dos livrinhos eram mais coloridos e amigáveis que os soltos na natureza?
A partir daquele dia, sua fixação pelo livrinho do Pica-pau amarelo amenizou. Passou a levar  novos livrinhos para casa e ampliou seu mundo da imaginação.

      Com o auxílio de outros livrinhos coloridos, foi dominando a leitura e os coloridos das ilustrações dos personagens aos poucos foram subtituídos pelo prazer da leitura. Seu vocabulário foi aumentando gradativamente.
O amigo Pica-pau ficou guardado em seu coração, como seu querido amigo colorido e brincalhão. Nunca esqueceria do mundo mágico que vivera e criara na companhia dele.

Escrito por Cristawein
Cristawein
Enviado por Cristawein em 16/08/2015
Reeditado em 30/07/2017
Código do texto: T5348536
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