Píncaros da glória
Foi dona Nazaré quem nos trouxe aquela notícia numa bela manhã do início dos anos sessenta: o reverenciado Pico da Bandeira não era mais o ponto culminante do Brasil, pois - estava agora comprovado - cedera seu honroso lugar ao Pico da Neblina.
E dona Nazaré até nos forneceu os dados da localização precisa desse emergente monumento da natureza, de que me lembro um pouco,"...na serra do Tumucumaque, a leste do planalto de Huá, no canal de Maturacá...", com seus mais de três mil metros de altitude, e lá estava o soberano pico...
Pela minha contagem, eu que era muito fã da geografia, e da mestra que nos instruía, estávamos ainda muito distantes de nossos hermanos sul-americanos, eles que exibiam um Aconcágua, um Chacaltaya, um Nevado del Ruiz...todos de coroas enregeladas em qualquer época do ano e, no nosso caso, que sina, não mais que neblina?
E o da Bandeira, agora desbancado, seria ainda tão venerado? Ou deixado de lado? Bem que ele ficava a uma distância imaginável de minhas imaginárias viagens e, quem sabe, eu faria como fez o irmão meu Beu, que mais tarde andaria vasculhando aquelas nobres alturas à procura dos destroços de um avião que um primo, o Zezé do Tio Artur, pilotara até com aquele paredão dar de cara?
Pranteei o primo, com o familiar enlevo, mas não me animei ainda a explorar aquela segunda maior elevação de nossos aplaianado e arredondado relevo. E daqui pra frente, já nem sei se mais atrevo. O National Geographic taí pra o fazer por nós.