A CASA TAGARELA
Era uma vez uma casa tagarela, tudo que nela havia falava, inclusive ela. Um dia alguém bateu na porta e dona Maria não escutou, então a porta gritou: "Não está vendo que estão me batendo?" dona Maria foi abrir a porta e seu João entrou e o tapete, irritado, falou: "ver por onde anda! Só vive pisando em mim, caramba!" dona Maria pediu para seu José se sentar e foi buscar um pouco de café, seu José olhava para os quadros e a pintura dizia: "que é?". Seu José ficava furioso e começava a discutir, dona Maria lhe trouxe o café e ele matou a sede, dona Maria disse: "não vê que está discutindo com as paredes?".
Na hora do almoço, seu José se sentou para almoçar, a cadeira então ralhou: "não tinha outro lugar?" dona Maria foi buscar a feijoada e enquanto isso seu José a esperar, batia o talher na mesa cada vez mais, e o talher gritava: "ai! Ai!" dona Maria pegou a jarra de suco e a seu José ela serviu, o copo que ia se enchendo então falou: "está frio! ai que frio!", seu José levou o copo até a boca e do suco bebeu e depois disso o copo dizia: "prefiro o beijo da Maria".
De noite, dona Maria tricotava na sua cadeira de balanço, a cadeira só dizia em lamúria: "ai, meu Deus, preciso de um descanso". Enquanto isso, seu José lia e o livro o corrigia sem parar: "não é macabro, é macaco! Não é manga, é mangá! Olha o R no final! X tem som de CH!" e na hora de dormir, dona Maria deitava na cama e ouvia a cama dizer sempre aquilo: "você aumentou dois quilos". Enquanto isso no banheiro, seu José ligava o chuveiro e o próprio chuveiro dizia a chorar: "ó, minha Marieta, quando irás voltar?" e quando seu José terminava o banho, dizia já sem prantos o chuveiro tagarela: "ah, eu nem gostava tanto assim dela!"
O dia só terminou quando dona Maria a luz apagou e todos na casa rocaram. A casa disse por último: "boa noite" e caindo num sono doce as janelas de seus olhos se fecharam.