A tunda do Neuler
O Neuler era então, o único varão numa casa de quatro ou cinco meninas, entre as quais a Neide era meu sonho de consumo...só que sem sumo, pois pra mim ela não dava aprumo ou rumo. Eu me conformava com aquele estado de coisas. Quando crescesse poderia tirar aquela cruel indiferença.
Mas e o cunhado, Neuler, conviria conquistar sua amizade primeiro? O problema é que ele nem ligava às minhas dores d´amores. Queria era fazer peraltices. E ainda assim tão pirralho, pôs-se à mãe a dar trabalho.
O patriarca da família era o Batista, que tinha uma posição de relevo na companhia. Mas era condescente com papai, seu subordinado, dando-lhe papo e até acesso ao jornal que vinha da capital. E se dignara a ser padrinho de um dos meus brothers, juntamente com sua fiel Dona Leta.
Só que a carranca do Batista, sob uma boina de tempos anteriores à do Guevara, ganhava um ar de maior austeridade, mesmo sendo um bom cumpádi.
E um dia em que até Neide pintou na janela, comigo a contemplá-la da quase vizinha casa de vovó, Neuler extrapolou, quiçá jogando uma pedra num gato, ou no rumo duma vidraça, e dona Leta, na liça entrou, sem contudo acabar com a pirraça.
Ali, então partiu para a ameaça:
- Neuler, passa pra dentro, que você vai levar uma tunda quando o seu pai chegar!
Tunda pra mim era pura novidade, que logo associei a coça, minha velha conhecida.
Cheguei a pensar em me aproximar do cunhado, solidarizando-me com ele, dando-lhe um conselho de amigo, mas não fui da intenção ao ato. Temia e tremia que Neidinha risse pra mim...