FOLIA DA BICHARAD...

Era uma vez uma confusão numa floresta mais ou menos encantada, árvores que dormiam numa preguiça infinita que nem uma folha se balançava.

Nesses dias em que se inicia o inverno era tanto silêncio que nem se ouvia o canto de um atrevido passarinho, nem o voar de um inseto, de tão frio o dia acordava que todos só sabiam implorar ao sol para aparecer pelo menos um fiozinho de nada. E quando um rastinho iluminado penetrava as folhagens pendidas pelas gotas serenadas que caíra durante a noite, lá estavam todos se refastelando das horinhas quentes uns se espichando no solo, outros de asas abertas se empoleiravam nas cerquinhas,até os macaquinhos se enfileiravam pra se aquecerem do frio.

Mas logo escurecia, a chuva miudinha caía, todos os bichos sumiam escondidos em suas casinhas quentes.

Num desses dias em que o sol não deu as caras o majestoso carvalho árvore majestosa e respeitada de toda a floresta resolveu escrever cartinhas e foi rabiscando de tudo que ia lembrando, eram tantas as lembranças de tarefas a serem distribuídas que a carta ficou comprida quase nem tinha lugar para guardar.

Devido ao frio a agência estava fechada e logo contratou o vento para que espalhasse por toda a floresta em todos os ninhos em todas as tocas e casinhas e assim nenhum morador ficaria sem receber tal comunicado.

E assim saiu o vento sacolejando pela floresta encharcada, encontrava alguns bichos sonolentos jogava a cartinha e seguia viagem, de entrega a entrega foi cruzando as estradas, vilarejos, rios, riachos, Cachoeiras, até que todas as cartinhas foram entregues a seus destinatários.

E continuava o vento, imaginando o que estaria escrito naquelas cartas para serem entregues com tanta urgência que nem tempo teve de chamar a brisa com toda a sua calmaria para ler e poder lhe relatar o segredo do majestoso carvalho.

Do outro lado, a árvore gigante e imponente esperava a resposta de todos. Não deu cinco dias e lá surgia em meio ao nevoeiro de fim de invernada uma jangadinha descendo rio abaixo. Eram seres pequeninos seres que se mexiam de um lado a outro que mais pareciam pontinhos florescentes se balançando numa rede.

Lá pelas tantas um se desequilibrou e bum! Caiu na água. E nessa confusão toda a jangadinha desapareceu no meio do nevoeiro.

O carvalho estava começando a se cansar. Onde foram todos os bichos daquela floresta? A coisa estava ficando complicada e se não aparecessem logo iria fazer greve e não ofereceria mais sombra para que eles se deitassem as tardes enquanto o sol resolvia deixar a floresta iluminada.

Um pouco desanimado estica seus galhos para atender ao telefone, resmungando foi logo gritando sem mesmo ouvir quem estava do outro lado da linha. E sem entender o que resmungavam desligou e foi falar com o restante da floresta, com o rio que corria se alargando e com a montanha que dormia tranquilamente.

Naquela noite ficou balançando seus belos galhos, suas folhas exuberantes e desandou a matutar pensativo sobre tudo que estava fazendo.

- Se a chuva não para, os riachos enchem o frio congela, como posso esperar que todos os bichos saiam das suas casas, das suas tocas, dos seus ninhos, dos seus quentinhos agasalhos só porque um velho e soberbo carvalho fica aqui impaciente e sentindo falta da movimentação dos passarinhos saltitando em meus galhos, das lebres correndo sobre o tapete das minhas folhas caídas, das abelhas que ficam fazendo zum...zum despertando -me do meu sono relaxante e até das lagartas quando resolvem subir em meu tronco e picotar minhas belas folhas.

Quando o novo dia acordou, o inverno já estava fraquinho e o sol aparecia saudando a todos e avisando que logo estaria de volta.

Ali havia todos os encantos e fantasias, os passarinhos se falavam, as nuvens dançavam as árvores com suas aventuras entoavam lindas canções embaladas pelo vento.

O sabiá considerado o mestre da criatividade era o conselheiro de todos e com seu canto magistral dava aula a todos os passarinhos, era muita diversão tinha aula animada, tinha lanchinhos apetitosos, prepardos pelas andorinhas.

Tinha orquestra bem equipada, o pardal tocava flauta, o rouxinol era violinista, o bem-te-vi tocava tambor e as cigarras faziam o coro...

A noitinha era aquele alvoroço os pais chegavam para pegarem seus filhotes e levarem para casa, teria que terem cuidado para não serem atacados pela bruxa malvada da noite, uma coruja velha que vivia atacando filhotinhos indefesos.

E os passarinhos voam daqui, pulam dali e de repente... Zap .... Um voo rasante passa pertinho deles e foi aquele terror a coruja resolveu atacar, mas a infeliz esbarrou no temido macaco que cuidou de atirar a malvada a milhares de árvores de distancia.

E assim termina a folia da bicharada...

autoria: Irá Rodrigues

irá rodrigues
Enviado por irá rodrigues em 01/03/2015
Código do texto: T5154767
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