Os nortibóias...
Tininha nasceu nos tempos, e no povoado da Onça, e foi crescendo com o século. Sua presença na escola, de que lembrava o nome, Zico Barbosa, não passou contudo, e contado, do primeiro ano e primeiras letras. Entre a aptidão para os estudos e a disponibilidade para se afastar, ainda que por umas poucas horas, dos cuidados diuturnos com o resto da irmandade, de que era primogênita, seus pais, e seus ais, cravaram a segunda opção.
O que não a desagradou: tinha jeito com crianças, e pouca paciência com os rabiscos ariscos dos cadernos. E, não demorou, da domesticidade, mais além andou. Com pouco foi chamada a pajear - por um prato de comida e alguma outra singela compensação oferecida - os meninos de Dona Margarida, a esposa do Major inglês que era o chefe da mineração local de ouro.
Tininha levou consigo a mana Bebel, pois os guris eram dois, antes, sempre e depois. E a patroa era gente de índole boa, e dum coração que se desmanchava a toa.
Mas os meninos, Thomas e Marcus, eram levados da breca, cada qual mais sapeca. O que pra Tininha e Bebel era como beber água sem caneca, sem deixar cair a peteca. Mas iam levando, até que um dia, se foi embora o bando.
Das lembranças de Tininha, ficou aquela forma enrolada de Dona Margarida chamar os filhos, sempre que aprontavam alguma:
Nortibóia, nortibóia!
E quando a gente, só ouvinte da história, no dicionário óia, nada acha, a não ser, conduz-nos o léxico inglês: naughty boy, naughty boy...E a lembrança, de tanta lambança, de gostosa, como sói, até rói.