A Mangueira


Ainda me lembro daquela grande mangueira lá do quintal da casa da madrinha da minha irmã. Enorme, carregada de frutos, nos proporcionava uma bela sombra onde passava as tardes brincando com minhas bonecas. Suas raízes enormes sobressaíam do chão, e ali eu construía a casinha das minhas bonecas. Cada espaço das raízes utilizava como cômodos.
Alí debaixo daquela mangueira só eu, minhas bonecas e meus sonhos. A brisa vinda do mar desalinhava meus cabelos encaracoladas. O barulho das ondas usava para embalar a minha boneca no colo, como uma música de ninar. Não via as horas passarem, envolvida naquela brincadeira de criança, não via o tempo correr. Mas ele correu, começava a escurecer e esfriar. Minha mãe chamava para o banho da tarde e se preparar para o café. Recolhia as minhas bonecas e toda a casinha era desfeita. Olhava para trás, os cômodos estavam lá esperando para outro dia de brincadeira.
O tempo correu, correu. As bonecas se foram, a infância se foi, os brinquedos também se foram.
Mas a minha casinha de raízes continua lá.
Élia Couto Macêdo
Enviado por Élia Couto Macêdo em 26/12/2014
Reeditado em 27/01/2016
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