Em busca da flor Englind

Há muito tempo atrás existia um planeta não habitado pelos humanos. O lugar era considerado sagrado pelas criaturas que ali viviam, uma flor criada pela feiticeira Englind tinha o poder para curar qualquer doença. Mas um dia houve uma grande guerra entre as criaturas e a feiticeira foi morta. Para que a flor fosse protegida, os habitantes do planeta procuraram outro lugar para que ela pudesse ser guardada.

Demorou anos até que encontraram a Terra, não sabiam que aqui viviam as pessoas, então para que ninguém tivesse como pegar a flor, ela foi protegida pelos guardiões.

Morávamos em uma pacata cidade, a população era bastante pequena, o que tornava possível com que todos se conhecessem. Só havia hospitais em outras cidades. E os comércios que havia ali quase não lucravam.

Helena, minha mãe, logo adoeceu após meu nascimento. Não cheguei a conhecer meu pai, apenas era eu e minha mãe vivendo naquela cidade.

Ficava muito triste por vê-la tão doente daquele jeito. Mas minha mãe nunca deixava que isso me abatesse.

A cada dia que passava, mas sua saúde piorava. Certa noite em meu quarto podia ouvir uns gemidos de dor bem baixinho que vinha do seu quarto. Na mesma hora corri até onde ela estava. Disse.

- Mãe, esse tempo todo eu só tenho visto que você está muito doente e a sua doença piora a cada dia. – Já podia sentir as lágrimas brotando em meus olhos – Será que não existe remédio para curar sua doença?

Atentamente ouvi minha mãe dizer sobre uma flor que foi criada por uma feiticeira, ela possuía o poder de cura, era encontrada somente no vale do Norte.

Rapidamente fiquei muito eufórico. Ao mesmo tempo em que me questionava se essa flor realmente existia ou se seria apenas imaginação da minha mãe por estar doente. Mas não poderia deixar de ficar feliz com a possibilidade de que ela poderia ser finalmente curada.

- Eu irei buscar essa flor para você mãe. – disse bastante entusiasmado. – Se você diz que ela existe, eu posso ir até o vale do Norte pegar ela.

Minha mãe me olhou, deu uma pequena risada e respondeu.

- Filho, fico grata por tanta bravura que há em você, no entanto não quero que faça isso. Os guardiões da flor Englind são muito perigosos. Não permitirei isso.

Na mesma hora fiquei muito irritado, como ela poderia recursar uma ajuda? Não aguentava mais vê-la tantos anos no mesmo estado. Não me importei se a noite ainda não havia se aproximado, queria apenas que o outro dia chegasse logo. Fui dormir.

No dia seguinte, fiz um grande esforço para acordar mais cedo que minha mãe. Escrevi um bilhete e o coloquei em cima da mesa da cozinha.

O céu estava com muitas nuvens, mas parecia que mesmo assim não iria chover o que seria bom para aquela cidade onde as plantações estavam se definhando devido a seca que ocorria ali há meses.

Enquanto eu caminhava, pensando em o que faria dali pra frente, encontrei uma pequena cabana que ficava não tão próximo da estrada em que eu andava, fui até ali procurar ajuda.

Bati na porta, na esperança de que alguém morasse ali. Ninguém atendeu, tentei uma segunda vez. Uma senhora negra foi quem abriu a porta. Não pude deixar de notar sua cara de espanto ao me ver. Mas nem quis perguntar o que era.

- Entre! – disse enquanto parecia se recuperar por algo que eu não fazia ideia do que seria.

Agradeci e entrei na cabana.

Do lado de fora a cabana parecia ser bem maior, mas por dentro tinha poucos cômodos, deduzi que uma senhora que morasse sozinha não iria precisar de uma casa grande. Mas me parecia bastante curiosa ela morar em um lugar quase não conhecido pelas pessoas.

- O que você estava fazendo por essas bandas criança? – disse a senhora, enquanto parecia me analisar da cabeça aos pés.

Olhei para ela, por uns instantes pensei se deveria mentir sobre o que estava fazendo. Respondi.

- Minha mãe, Helena, está muito doente. - respondi - Estou indo em direção ao Vale do Norte para pegar a flor Englind.

- É um prazer tê-lo aqui. Meu nome é Antonieta. – respondeu sorrindo para mim.

Enquanto meus olhos passeavam para ver o lugar onde eu estava, reparei em uma imagem na parede que me chamou bastante a atenção, parecia ser um símbolo, nunca tinha visto algo parecido antes. Não me contive na curiosidade e perguntei.

- O que é essa imagem nesta parede?

Dona Antonieta que estava distraída olhando para o lado de fora de uma das janelas da casa, pareceu ter se impressionado pela pergunta. Rapidamente correu até a parede e escondeu a imagem com uma cortina que tinha entre um lado e outro da imagem.

- Esse símbolo não é nada de importante! – bufou Antonieta.

Pensei em tentar questionar sobre aquilo, mas fui interrompido por uma menina que avançava rapidamente pela sala em que estávamos. Deduzi que morasse ali também.

- Menina isso são modos? – retrucou a senhora. – Venha conhecer esse rapaz.

Então ela se aproximou de mim, nunca havia visto uma menina antes tão bonita como ela. Tinha uma pele branca, usava um vestido azul com uma fita branca de cetim o que dava um toque de delicadeza nela, apesar de parecer uma garota bastante peralta. Confirmei a minha teoria ao ver seu cabelo bagunçado.

- Olá! Eu me chamo Alice.

Olhei para ela enquanto sorria. Respondi.

- Eu me chamo Noah. Muito prazer.

Ambos sorrimos. O silêncio rapidamente tomou conta daquele lugar, até ser interrompido por um pequeno pigarro dado por aquela senhora.

- Onde você estava Alice? – perguntou enquanto ajeitava as tranças de Alice.

- Eu estava brincando lá fora. – respondeu - Estava colhendo frutas no pomar.

- Já disse que isso não é coisa para você fazer! – exclamou a mulher. – Olhe como esta seu cabelo agora.

Alice soltou uma gargalhada, o que deixou sua vó ainda mais furiosa. Mas ela parecia não se importar com isso, olhou para mim e comentou.

- Vó Antonieta não gosta nem um pouco quando bagunço meu cabelo.

Não pude evitar rir naquele momento. Então antes que fosse falar alguma coisa tratei de colocar um biscoito inteiro na minha boca, oferecido pela avó de Alice.

Fui convidado a passar aquela noite ali mesmo, apesar de ter negado diversas vezes, acabei aceitando.

O lugar era bastante aconchegante para dormir, mas não estava com sono, pelo contrário. Saber que minha mãe estava doente e sozinha fazia com que eu ficasse mais acordado ainda.

Pelo visto eu não era o único que não conseguia dormir ali. Logo fui surpreendido por Alice, pelo que parecia, estava a um bom tempo em pé na porta onde eu estava.

- Não consigo dormir. – fui logo quebrando o silêncio- É complicado tentar fechar os olhos com a minha mãe doente longe de mim.

Alice não esperou que eu a convidasse, rapidamente sentou ao meu lado, o espaço era pequeno, mas pelo que parecia ela nem se incomodou. Por uns instantes me veio à mente perguntar sobre aquela imagem na parede, mas achei melhor não.

Enquanto eu falava nem percebi que Alice já não estava mais do meu lado, agora ela estava sentada perto da janela olhando a paisagem, me aproximei. Ela olhou pra mim e disse.

- E você acha que tem algum modo de sua mãe ser curada?

Por uns instantes olhei para o céu e fiquei pensando se realmente a tal flor Englind iria curar minha mãe.

- Espero que sim - respondi em um tom de voz meio cabisbaixo.

Passamos a noite em claro, logo pela manhã bem cedo, eu e Alice fomos comer bolo e tomar café feito por sua avó. Olhei para o relógio, marcava 15 minutos para as 8 horas. Já estava bem melhor do meu machucado e muito bem alimentado.

- O bolo estava ótimo. – agradeci- Mas eu preciso ir, não posso deixar minha mãe doente sozinha.

Alice estava com a boca cheia, rapidamente engoliu tudo sem mastigar direito, tomou um bom gole do seu café e perguntou.

- Mas você não vai comer mais? Pelo visto irá andar bastante, precisa se alimentar melhor.

Olhei para dona Antonieta que estava olhando para sua neta com ar de quem dizia “fui eu quem a ensinou isso.”.

- Leve alguns pedaços de bolo para você. – disse dona Antonieta enquanto colocava uns pedaços do bolo em um pano e o amarrava. – Alice tem toda razão! Precisa se alimentar querido.

Naquele instante olhei bem para aquelas duas pessoas que eu havia conhecido há tão pouco tempo, com toda certeza iria sentir falta das duas. Sem pensar muito abracei bem forte aquela senhora e a agradeci por toda ajuda.

Alice me acompanhou ate a porta. Parecia não estar muito contente com final de minha estadia.

- Posso ir com você? – A pergunta me pegou de surpresa. Olhei para ela, estava bem séria.

- Você deve ficar aqui em sua casa cuidando da sua avó, estará segura aqui.

Não saberia dizer se ela estava prestando atenção no que eu falava, seu olhar deixava a entender que estava bem longe dali. Enquanto continuava a olhar para o horizonte, respondeu.

- Geralmente as únicas pessoas que visitam a casa são os vendedores ambulantes e o médico da cidade. Você é a primeira pessoa da minha idade que aparece por aqui e acho que eu posso ir com você sim, tenho certeza que não conseguiria fazer tudo sozinho.

Não poderia arriscar a vida de Alice. Estava já ciente do que poderia enfrentar para ir buscar a flor Englind, se ela fosse comigo, poderia se machucar ou o pior, morrer e eu jamais me perdoaríamos por isso.

- Sinto muito, mas não posso permitir isso. – respondi bastante triste.

A animação que Alice antes demonstrava estar rapidamente sumiu ao ouvir minhas palavras. Logo indagou.

- Por que eu não posso ir? Minha avó ficara muito bem sozinha!

Diante disso percebi que Alice era uma garota que não iria desistir fácil daquilo que queria. Por fim concordei.

- Certo! Você poderá ir comigo, mas com duas condições.

Alice respondeu.

- E quais são?

- Primeira: se eu falar para que você fique parada, você ira obedecer. Se eu falar para que você corra, você ira correr sem olhar para trás. Segunda condição: prometa Alice que você não ira se ferir por motivo algum!

Podia rapidamente sentir meus olhos se enchendo de lágrimas, respirei fundo esperando que Alice não tivesse notado isso.

- Eu aceito as condições! – exclamou ao pegar em minhas mãos com certa firmeza.

- Iremos partir amanhã de manhã bem cedo. Esteja pronta antes do canto do galo, estarei te esperando perto do lado, seja cautelosa e rápida.

Alice ouviu atentamente minhas palavras e concordou.

Tudo agiu perfeitamente conforme o combinado no dia seguinte.

AINDA NÃO TIVE IDEIA PARA A CONTINUAÇÃO :(

 

Liandra Cristine
Enviado por Liandra Cristine em 07/12/2014
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