Por  EstherRogessi
 
 
Lucas era o filho do caseiro do sítio, o seu apelido era Quico, ou Quiquinho.
Paolo era o seu grande amigo e filho dos donos da propriedade, gente muito rica, e simples.  Quico era peralta e tagarela, naquela manhã estava feliz e ansioso; de braços abertos rodopiava no quintal e cantarolava, agitando os braços, como se quisesse voar...  Gritava  à sua felicidade:  –  Tô feliz... Feliz!
 – Por que, Quiquinho?
Perguntou-lhe Paolo, curioso.  – Você ganhou presente?
– Não... O papai disse que só depois da Ceia de Natal...  – Então, por que tanta felicidade?
– Você esqueceu Paolo, que o seu pai nos convidou para a Ceia de Natal  e,  hoje, vamos todos à sua casa? Vamos cear juntos..., abrir os presentes... Uau! A sua casa é muito linda! Muito brilhante... O papai disse a mamãe, que o seu pai é um bom homem, ele é muito rico, porém, nos trata como se fôssemos da sua família.
 – Quiquinho, minha mãe falou, que o seu pai era amigo do meu pai, desde que eram muito jovens.  Mas, seu pai não gostava de estudar e abandonou os estudos cedo, ao contrário do meu pai,  que era muito estudioso, muito esforçado; os meus avós eram muito pobres, mas não deixavam os filhos sem ir à escola. Papai nunca deixou de estudar. Ele  trabalhava para pagar os estudos... Tudo que nós temos, hoje  foi pelo  esforço e perseverança do meu pai... Está vendo Quiquinho, como é bom estudar? Nós temos que estudar muuito! E, nunca esquecer dos nossos amigos, o meu pai não se esqueceu do seu... Por isso, nós hoje somos amigos, até o meu cachorro é amigo do seu cachorro...
– É verdade, Paolo... Eu posso levar Tufão para a Ceia de Natal?
– Não sei Quiquinho... Vou perguntar a minha mãe: Maãe! O Tufão pode vir com os Norato, pra Ceia de Natal?   – Norato era o sobrenome da família do Quiquinho .
– Meu filho! Não devemos... Não é bom que animais estejam junto com as pessoas,  durante às refeições!
– Ó mãe, ele é amigo de Sultão!... Amigos ficam juntos no Natal!
– Paolo, não é a mesma coisa com os animais.
– Ó mãe, Você comprou o presente de Sultão! E por que ele não pode ficar com a gente na ceia?
– Naão! E, deixe de insistir Paolo!
– Paolo, Paolo...!
– Sim, Quiquinho...?
– Eu não sabia que cachorro ganha presente de Natal! Ah! O meu Tufão vai ficar triste, porque o seu amigo Sultão vai ganhar presente e ele, não! Paolo, o que você comprou para o Sultão?
– A minha mãe comprou um osso muito grande pra ele morder, é um osso de brinquedo.
– Ah! É...? Eu não sabia que existia isso...
Quiquinho ficou calado... E toda euforia desapareceu do seu rosto. Agora, ele estava preocupado com a tristeza que Tufão iria sentir, por não ganhar presente... E começou a falar com Deus.
– Papai do céu, eu não quero meu cachorrinho triste... Olha papai do céu, eu posso até não ganhar o meu presente, mas, faz Tufão ganhar um... O Senhor pode falar com Papai Noel... Ele pode dá um presente ao meu cachorrinho.
Lucas ficou todo o dia sem ânimo para brincar. O sorriso constante sumiu do seu rostinho. Enfim, chegou à hora da grande ceia. Lá estavam todos, em volta de uma mesa linda e farta. Todos sorriam alegremente, e, não perceberam que Sultão, o cachorro anfitrião, entrou de mansinho na sala, acompanhado por Tufão... Eles ficaram deitados embaixo das cadeiras dos seus respectivos donos, no mais completo silêncio. Enquanto que os empregados serviam à mesa, em silêncio. De repente, a dona da casa, ao cortar o peru escorregou a mão,  e  o peru foi ao chão! Tufão levantou-se de repente, segurou o peru com os caninos, bem firme e  saiu em disparada, seguido por Sultão!
Todos ficaram perplexos, olhando uns para os outros, enquanto que as crianças sorriam e Quiquinho gritava: – Obrigado, Deus! Você falou com o Papai Noel dos animais, e ele deu o presente do meu Tufão! 
EstherRogessi
Enviado por EstherRogessi em 26/11/2014
Reeditado em 26/11/2014
Código do texto: T5049906
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