Passeio com papai
Raras, mas caras, eram as saídas pelos matos, na companhia de papai.
Ele juntava a meninada, enchia o cantil, assomava-se do punhal que aparentemente segurança lhe prometia, ouvia os pressurosos conselhos de mamãe, com respeito à saúde dos pintainhos, e o cuidado com cobra era sua mais frequente advertência. E se punha em marcha a excursão. saíamos, na empolgação. Sempre pelas manhanzinhas, que mesmo ensolaradas, de fresquinhas eram chamadas.
E de nossa porta às pastagens e serranias, eram poucos passos, que normalmente por trilhas de carros de bois, ou de andanças de vacas se guiavam. Não demorava nada, pra aventura mais afoita, a gente começava a ver e desvendar moita após moita.
Prudente, e sempre à frente, papai ia descrevendo tudo pra gente. Numa dessas foi que degustei, e até aprendi a diferenciar uma marmelada de cachorro dum bacopari. Ou dum algodãozinho doce, se assim fosse. Ou fruta de lobo, pra não bancar o bobo.
Quando se via alguma árvore mais frondosa, que servia à refrescante pausa, era a hora da parada, de se mirar aqueles ninhos de joão-congo, armados nos gravetos, ali pendurados, ou algum galho mais baixo, horizontal, que fazia prodigalizar a mente de papai, em que acreditávamos piamente:
- Olhem, aqui neste local passou a galope louco um cavalo, com uma onça que o atacara pelas costas e, na hora agá, o cavalo baixou a cabeça, para passar, e a onça, rachou a sua, ao galho encontrar...
E, embora morna, a água do cantil nos desalterava, e novas energias, é que nos dava, bem como, a alma lavava.
Hora de conhecer a flora, da unha-de-gato, insidiosa predadora, ao imponente carvalho, sem stress, ou nenhum trabalho. E as espécies de árvores e arbustos eram declinados me didática melodia.
E assim se passavam as horas até bater a fome e retorno pra casa, como o sol, aquela brasa que, com mais senões nos fazia arder os arranhões.