POR CAUSA O POLEGAR
Era uma vez uma menininha linda, que chupava dedo e que por conta disso, começava ali seus desapontamentos com o ser humano. Sabem por quê? Porque aqueles mais próximos dela proibiam-na daquele prazer tão inocente.
E ela era tão pequenina, tinha apenas pouco mais que três anos. Vejam só o que faziam para que ela não se ninasse para dormir, chupando o polegar: Cuspiam, colocavam titica de galinha, pimenta malagueta, ou quando não, na hora de ir pra caminha, não sem antes recitar a oração do ANJO DA GUARDA, sua mãe colocava-lhe luvas feitas em tecido pesado, como brim, se não me engano, cáqui, muito bem amarradas nas suas mãozinhas e assim ela não conseguia chupar aquele polegar tão gostoso que lhe ajudava a adormecer.
Sabe qual era o resultado de tanta judiação? Ela passava a noite quase toda acordada e chorando em silêncio a sua desventura, sem entender porque faziam aquilo, quando ela só precisava chupar o dedinho para adormecer feliz.
Terminou por perceber que melhor seria privar-se daquele prazer do que ser tão incompreendida, e trocou o polegar por o solfejo de algumas canções, as quais nem sabia a letra, mas aprendera com sua mãe e agitava o corpinho no ritmo da canção que solfejava até que adormecia e assim conseguiu esquecer o polegar.
Esse aprendizado até hoje, mesmo depois de adulta, não com seguiu entender porque teria que ser daquela maneira, mas tirou dali uma lição que nunca esqueceu; o gosto pela música o que ainda acontece.
Antes de dormir faz suas orações, incluindo a do ANJO DA GUARDA e solfejando algumas canções até que o Deus do sono lhe estenda os braços.
Pois é, por causa do polegar, a menininha que fora tão incompreendida, conseguiu transformar a tristeza em canto o que a acompanha até hoje, mesmo sem jamais ter entendido a atitude daqueles que a amavam, pois a explicação que lhe foi dada, quando ela conseguia compreender estar sendo castigada por algo que pelos adultos que a cercavam, era um vício que ela não podia cultivar, ainda que lhe proporcionasse um prazer tão inocente. Diziam-lhe que ficaria com a boca defeituosa... Pode uma coisa dessas! Mas já passou... Ela cresceu se fez uma moça muito bonita, ainda que triste, mas prossegue alimentando-se de canções e até aprendeu a compor.
Assim, a menininha de ontem, hoje uma mulher repleta de recordações, consegue transformar em canto as desilusões da vida a começar por aquele polegar.