O MUNDO EM COELHOS

Juninho Coelho sofreu muito na escola porque seu sobrenome era coelho, além disso, ele tinha dentinhos grandes e salientes iguais aos de coelho e as orelhas grandes também. Prometeu que um dia se vingaria.

Cresceu e se tornou cientista. Criou a fórmula de transmutação dos corpos. Qualquer ser de carne que ingerisse alimentos com aquela combinação química, se transformaria em coelho mesmo. Resolveu atacar São Paulo city, onde fez as séries iniciais. Guarda um desenho até hoje, de um menino que, quando teve que fazer um desenho de um bichinho engraçado, desenhou Juninho comendo talinhos de cenoura. O menino era Bino que se casou com Zora e teve Bruno,Bia e Breno. Era uma família feliz.

Eles estavam no parque, era domingo afinal. Então surgiu um ônibus convidando a todos para uma festa à fantasia com muitos comes e bebes . Anunciaram que se tratava de uma inauguração de restaurante. Iriam comer de graça. O povo foi adentrando no ônibus, e junto, a família de Bino.

Chegaram no local, uma senhora os recebia com grande simpatia. Indicava o caminho. Na porta de dentro recebiam orelhas enormes, olhos e dentes de coelho. A fantasia se completava na outra porta, depois entravam seguindo por um enorme corredor.

Bia estava no celular falando com a coleguinha, Breno vestiu sua fantasia, mas manteve-se um pouco desconfiado. Os demais já estavam se deliciando, empanturrando de doces, salgados, massas, tortas, sorvetes. Parecia um sonho. Breno e Bia ficaram olhando as pessoas entrarem brincando com um e outro.

Quando olharam pra mesa onde seus pais e Bruno estavam, olha o espanto. Todos estavam ficando diferente. A pele dos velhos ficando lisinha, esticando, esticando... Olha para sua mãe Zora, ela já possuía um lindo par de orelhas . Será que trocaram de fantasia e não vimos ? Pegaram fantasias mais reais, melhores ! Pensaram entre si.

Bia correu, pegou mamãe pelo braço levou-a ao banheiro para se certificar. Puxou as orelhas, eram verdadeiras. Mamãe Zora estava feliz e nem se importou com aquilo, bem como todos os demais. Pareciam todos enfeitiçados. Zora a convidava para irem as ruas buscar mais pessoas para o evento. Era a forma de agradecer tanta felicidade.

Vieram juntas, até Breno. Bino já se assanhava para uma projeto de coelha a sua frente. Zora nem teve ciúmes. Coelhos são assim mesmo. Não conseguindo contê-los, Bia e Breno se misturaram a coelhada, longe de seus pais, mas de olho neles para ver como tudo estava acontecendo.

Eles reconheciam as pessoas pelos detalhes das roupas e adereços no corpo que não desapareciam por completo. Pediram então aos garçons da festa pelo organizador, para que viesse fazer um discurso, pois estavam felizes demais ali. O organizador veio e fez um belo discurso.

Bia fotografou-o com seu tablet e foram pesquisar aquela inocente figura. Descobriram o nome Juninho Coelho. Verificaram que ele, o organizador, tinha mais ou menos a idade de seus pais. Entraram na página do facebook de seus pais, de quando eram crianças e lá estava ele, Juninho Coelho com sua postagem: “Um dia me vingarei.”

Juninho Coelho não conhecia os filhos de Bino, de forma que Bia e Breno trabalhavam sem muita dificuldade. Bino, o pai e Bruno , o filho , só correndo atrás das coelhas . Zora sendo cortejada também. Todos vivendo seu momento de glória , enquanto coelhos. Juninho Coelho se achando “O CARA”. Pensando em como ganhar dinheiro vendendo coelhos para laboratórios. Não pensava noutra coisa.

Logo precisaram de ajudantes na cozinha, pois coelho come demais. Breno e Bia se puseram a disposição e foram ajudar vestidos com suas fantasias, fingindo nada perceber e que eram chegantes. Por isso suas formas ainda eram humanas. A equipe preferia garçons humanos, eles todos estavam reféns já do cientista maluco. Não havia como fugir. Havia cerca elétrica para todo canto. A intenção do cientista era recolher o maior número possível de ex-coleguinhas do tempo de infância.

Breno e Bia foram investigando no Google e descobrindo que a fórmula foi incorporada aos alimentos. Os coelhos deveriam almoçar e jantar sempre com a fórmula nos alimentos, caso contrário, voltariam ao normal.

Enquanto Juninho Coelho procurava compradores para negociar, as duas crianças procuraram onde estavam guardados os ingredientes da fórmula. Deixaram de ser garçons e evoluíram para cozinheiros. Substituíram os ingredientes encontrados por outros visualmente iguais, a saber, eram ingredientes da fórmula: algodão-doce de menino babão que ainda chupa bico, leite de cabra amarela e manca, ração de coelhos, raspas de canela de menina birrenta, sabor natural de urina de coelho recém nascido. Jogaram esses fora e colocaram outros semelhantes. Juninho Coelho viajou cedo para a venda dos coelhos e os cozinheiros deram a receita trocada.

Quando Juninho chega, só tinha gente pra todo lado. Todos pedindo a ele uma explicação. Quando ele pensou em usar sua arma paralisante em todos, Bino e Bruno o agarram primeiro. Fizeram-no refém. Pediram a ele que se explicassem. Ele então, expôs seu motivo. Todos ficaram petrificados.

Explicaram-lhe que sempre quiseram bem a ele, tudo era apenas coisa de criança. Criança, fala, corre, pula, dança, briga e não pede perdão, porque não tem maldade naquilo que faz. Mas se o magoaram tanto, resolveram pedir perdão. E pediram a ele para voltar a ser amigos e esquecer o que passou. Afinal Juninho era uma grande criatura e grande estudioso. Convenceram Juninho a usar sua inteligência para descobrir as causas de muitas doenças como a AIDS, o câncer e outros males. Ele aceitou.

Sem fantasia e sem máscaras teve início uma nova e grande festa.

Lindalva
Enviado por Lindalva em 16/11/2014
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