Confissões de um amargurado
Eu era uma criança triste. Não tinha a atenção e o carinho que as demais recebiam de seus pais. Os meus saíam cedo de casa para trabalhar e nem um simples “Bom dia” me davam. Quando voltavam, era tarde da noite e eu quase sempre estava dormindo.
Minhas tardes eram sempre as mesmas. Eu pegava um livro e começava a lê-lo. Nunca terminei ao menos um, porque começava a contar a história de crianças com seus pais e aquilo me deixava triste.
As crianças da escola sempre perguntavam o porquê de eu estar chateado e quando dizia que era por causa da minha família, eles respondiam:
- Mas você tem todos os brinquedos e presentes que quer. Como pode não estar feliz com isso?
Era bem verdade que meus pais me presenteavam com todos os lançamentos mais legais, mas só pelo fato de não terem tempo para mim. O dinheiro e os presentes não me traziam a felicidade, afinal, esta não pode ser comprada na lojinha da esquina. Eu precisava da presença deles, para me aconselhar em minhas decisões e dar seu carinho quando precisasse.
Hoje, já crescido, não tenho mais pais. Os meus se foram quando eu tinha 15 anos. Acidente de carro quando estavam indo trabalhar. Nesse dia, pedi a eles para ficarem em casa, mas não me ouviram e saíram. Meia hora depois recebi a notícia.
Estou com 27 anos e já tenho um filho. Não tenho o mesmo dinheiro que meus pais tinham, então não posso dar a ele muitos presentes, mas lhe dou meu amor e carinho. Coisas que dinheiro nenhum no mundo pode comprar.