Andar de fasto
Diziam as tias, e os antigos - que provavelmente as teriam antecedido - que andar de fasto fazia mal. E além dos conselhos de graça, elas eram pressurosas em coibir alguma pirraça. Até que, como lado mais fraco, cedêssemos antes de cair nalgum buraco.
O mal que fazia aquele ato, contudo, não era explicado, tão-somente sugerido, e já estávamos conversados: podia até matar pai ou mãe.
Mas naquela tarde, numa visita nossa à casa de Vovó, eu resolvi contrariar os fados. Saí de ré, choferando, pisando naquele chão limpinho que ainda era de cimento, pela sala, de quarto em quarto, e, quando me dei fé, ainda em ré, pafo! havia caído de nádegas numa bacia estanhada, ainda morninha, onde tia Isabel acabara de se banhar.
A reprimenda do "bem-feito" doeu pouco, quase nada, aos meus ouvidos, se comparada à vergonha de me ver privado das calças - que tinham que ficar penduradas, próximas à boca do fogão para secar. E fechado no quarto, fazendo hora, lá eu, de bunda de fora.
E fiquei sem ir à venda do Zé Chave com Tia Isabel, onde se não houvesse alguma guloseima, ao menos, haveria o prazer de andar pelas ruas do povoado, chutando matinhos, tapando bocas de formigueiros, caçoando dos outros, tanta cousa a fazer e eu, seminu, jururu, sem nada pra tampar o tu. Hombre, de joder!