Amor de Pai - I
Eu poderia dar a última gota do meu sangue a John, ao ponto de não poder mais sentir o mundo. Não poderia recusar a vida para quem desejei que viesse ao mundo, John era minha única razão pelo qual eu guardava escondido de todas as minhas moedas de ouro que meu pai me deixou, mas nem sempre foi assim, pois eu nasci surdo e mudo e em voz alta nunca pude gritar para o mundo quando tive vontade, me casei tive John e sua mãe se foi no parto, e foi se então um pedaço meu, mas John ficou para completá-lo eu o segui amando e lhe dando muito amor e carinho. Ele cresceu forte e saudável, levei o para a escola e todo o dia dizia para prestar atenção na aula com gesto e sinais. De repente um dia vi que John veio todo o caminho da escola para casa triste com alguma coisa, chegamos a casa e perguntei a John o que o deixara tão aborrecido, e para o meu amargo espanto ele me olhou furioso e escreveu em um pedacinho de papel: “Estou cansado de ser magoado pelos meus colegas da escola por ter um pai surdo e mudo que fica fazendo sinais e caretas por não saber falar, você poderia ser ao menos mais discreto?” Rapidamente fui jogado em um abismo profundo, me calei e fiquei sem resposta afinal estava eu diante do ser que eu mais amava e cuidara com todas as forças que eu tinha, só depois de alguns instantes, saí da frente de John fui para a sala, sentei no sofá, mas tive uma brilhante idéia. Corri até a padaria na esquina comprei uma torta de chocolate com maçã, pois era a preferida de John e eu iria fazer uma surpresa para ele. Preparei a mesa peguei um bilhete e nele eu escrevi: “Querido John, me desculpe por ter nascido surdo e mudo, mas quero dizer que te amo e sempre vou amá-lo e não importa o que aconteça comigo sempre irei protegê-lo, e em qualquer situação estarei ao seu lado, por favor, perdoe-me”. Ensaiei a melhor maneira de mostrar e demonstrar o meu pedido de desculpa, com tudo pronto fui procurá-lo no fundo de casa onde ele costumava brincar depois do almoço, mas não o encontrei, quando voltava para dentro de casa vi John caído debaixo do pé de goiaba todo machucado, ele tinha escorregado e batido a cabeça com isso perdeu muito sangue, peguei-o em meus braços e meu rosto já transbordava em lágrimas e eu não podia gritar, corri e parei em frente ao primeiro carro que passava na rua da nossa casa, pedi ajuda em sinais, e logo em seguida peguei minhas moedas que há tempos eu guardava para dar a John quando ele completasse seus dezoito anos e fomos para o hospital, logo fomos atendidos, levaram ele para a emergência, e em sinal com muito desespero gesticulei ao médico que não deixasse meu filho morrer, tirei do bolso uma bolsinha que estava com as moedas de ouro, mostrei para o doutor e fiz sinal que o pagaria com ouro mas que não deixasse meu filho morrer, daria meu carro, minha casa, e se fosse possível que pegasse ainda todo o meu sangue para repor o do meu filho. Então o doutor disse que sentia muito, mas John tinha perdido muito sangue e que seria necessário no mínimo quatro litros de sangue, mas o hospital não tinha essa quantidade disponível no momento e nem tão logo conseguiria reunir essa grande quantidade, prontamente disse que seria o meu sangue que salvaria John, e enquanto o médico fez os documentos da ciência do risco de vida que eu correria escrevi esta carta para John, para pedir desculpa por ter morrido, apenas quis que ele vivesse, mas apesar disto estaria sempre com ele em seu coração, John eu amo você. Ass.: Papai!