Don Ratito e os Gatos Musicistas

Don Ratito e os gatos musicistas.

Jorge Linhaça

Era uma vez um ratinho que sonhava ser maestro.

Morava no porão de um conservatório musical e sempre que havia algum concerto, lá se ia o nosso amigo olhar por alguma fresta os movimentos do maestro da vez.

Aprendeu a ler partituras e sua alma sensível se enternecia com cada acorde executado pelos músicos. Ali do seu cantinho secreto, imitava os gestos do regente, sonhando um dia reger um concerto como aquele.

No meio da bicharada procurou, incansavelmente, por aqueles que dispusessem-se a compartilhar seu sonho, mas por mais que procurasse sempre ouvia quer ser maestro não era coisa para ratos, onde já se viu um rato maestro?

Mas o ratinho não desanimava jamais e se no meio dos amigos não encontrava quem o apoiasse, decidiu procurar entre os mesmos prováveis parceiros.

Lutando contra as probabilidades acabou por encontrar dois gatos...

Pera aí, dois GATOS?

Isso mesmo, dois gatos, os eternos inimigos dos ratos, os mais improváveis parceiros que um rato poderia esperar ter.

Mas Don Ratito ( o nome que escolheu para ser conhecido como maestro) não se intimidou com o preconceito e com os alertas de perigo que o resto da bicharada lhe dava. Seu sonho era muito maior do que toda aquela maledicência.

E foi assim que Don Ratito e seus novos amigos começaram a ensaiar exaustivamente sempre que o auditório estava vazio. Don Ratito encontrou um jeito peculiar de reger, ao invés de usar uma batuta, usava pratos para marcar o compasso.

No dia tão esperado, da estreia do maestro, os dois gatos, (o branco tocava viola e preto, violino),postaram-se diante Don Ratito para assombro da plateia, e dos arcos tangendo as cordas uma doce melodia ecoou pelo recinto, envolvendo a todos num doce devaneio.

Ao final do concerto, os aplausos foram ensurdecedores, intercalados com gritos de Bravo!

Don Ratito e os gatos musicistas não contiveram as lágrimas de emoção que também enchiam os olhos de boa parte da plateia.

Naquela noite a música foi um instrumento divino para romper todos os preconceitos e unir corações.