(Foto tirada do Google)
 

Tom

No dorso de um cavalo galopante, com seus cabelos castanhos esvoaçantes ao vento, ela se esquecia de tudo e de todos. Naquele momento só seu de lazer, com seu amigo fiel, Tom, correndo ao seu lado; um cão de raça pura pastor alemão de oito anos, que foi um presente do seu tio João, irmão da sua mãe. Tom tinha apenas dois meses quando ela recebeu em uma cestinha com um lacinho azul, quando completou oito anos de idade, e desde então sua vida mudou. Filha única de pais separados desde que tinha cinco anos de idade; cresceu num sítio no interior de Minas Gerais, e agora com seus dezesseis anos, já não tinha tanto tempo livre, pois tinha que ir estudar na cidade, e quando voltava tinha seus afazeres no sítio, pois sua mãe trabalhava como professora na escola primária dali do interior. Mesmo assim, ela arrumava um tempo para brincar com Tom. E nos finais de semana tinha mais tempo para correr livre no lombo do seu cavalo branco chamado Zezinho, com Tom ao lado.

Certa vez quando tinha dez anos, subiu em uma árvore de jabuticaba para comer algumas, mas o galho onde se apoiava quebrou, fazendo-a despencar e bater a cabeça com força no chão. Tom que estava com ela tentou reanimá-la sacudindo-a, mas ela continuava imóvel, então ele começou a latir. Desesperado foi correndo para casa para pedir ajuda, latindo para Ana sem parar, a mãe de Luíza.

— O que foi, Tom? ... Ana dizia para ele que a puxava pelo vestido. Então ela percebeu que alguma coisa poderia ter acontecido com Luíza. Pegou seu carro e o seguiu até o local que ele a levava. Chegando lá, viu Luíza estendida no chão inconsciente. Tentou reanimá-la, mas nada, ela não se movia, porém respirava. Então, com muito esforço, Ana a colocou nos braços e carregou-a até o carro, colocando-a deitada no banco de trás, e foram direto para o hospital. Lá, Luíza foi logo atendida, recobrando a consciência e ficando em observação, antes de poder voltar para casa. Já era noite quando voltaram. Tom esperava na varanda quando viu o carro chegando, e logo correu em direção a ele. Quando este parou e Luíza abriu a porta, Tom já foi pulando nela com uma alegria enorme, aliviado por ela estar bem. A menina o acariciou e disse:

— Meu cãozinho, eu te amo tanto! Você é meu melhor amigo, meu herói! Vou te dar um ossão, porque você é muito esperto. (Abraçando-o; um abraço cheio de amor e alegria, pelo amigo fiel que ele era.)

Não foi só dessa vez que Tom buscou por ajuda para Luíza. Houve outra vez há dois anos. Luíza galopava em seu cavalo, com Tom correndo ao lado, quando de repente uma cobra atravessou no seu caminho, assustando Zezinho, que disparou assustado, fazendo Luíza cair e quebrar o braço. Ela ainda se levantou e foi caminhando, mas pediu a Tom que fosse buscar ajuda, e assim foi o obediente cão em busca de ajuda. Logo, o sr. Aguinaldo, que trabalhava no sítio, veio rapidamente com sua caminhonete. Luíza ficou algum tempo sem poder cavalgar, mas podia brincar com Tom, atirando varinhas e bolas para ele pegar todo faceiro. Ele adorava, as pegava e trazia de volta para ela, e muitas vezes ganhava biscoitinhos.

Luíza também gostava de tirar fotos, e tinha muitas com Tom e Zezinho; seus bichinhos de estimação, mas era Tom que ela apreciava mais, por toda atenção que recebia. Ele tinha um amor e dedicação por ela que era muito especial. Quando ela voltava do colégio, ele já a esperava no ponto do ônibus, todos os dias, para irem juntos para casa. Ela o adorava. Luíza era muito menina e não tinha interesse por meninos, apesar de ser uma moça de dezesseis anos, ela só queria no seu tempo livre estar com seus animais, e com sua mãe. Um alívio para Ana, que não precisava ainda se preocupar com namorados batendo à sua porta por Luíza, que era também uma bela moça. Sorte dela por ser assim e aproveitar estes especiais momentos; o contato com a natureza e os animais. Poder crescer no interior, num sítio, sendo livre para aproveitar a juventude de maneira saudável e pura.

E lá ia Luíza no dorso de Zezinho, com seus cabelos esvoaçantes, livre e feliz com seu melhor amigo Tom, correndo ao lado.

Fim