O gato Didi
Era uma vez uma Senhora galinha cor de mel que vivia muito triste.
Desde que o dono trouxera para o galinheiro um novo companheiro, que a sua vida mudou.
Vivia feliz com as suas amigas e todas gostavam dela até àquele dia fatídico.
O Sr. Galo era louco e agressivo, dava-lhe bicadas a todo o momento. Não sabia a razão porque o Sr. Galo não ia com a sua cara. Talvez por não lhe ter ligado nenhuma quando ele entrou no galinheiro pela primeira vez, todo vaidoso e pomposo.
Ao contrário das suas amigas que, quando o viram, fizeram-lhe uma vénia e ele, todo emproado e refilão, gritou:
-Cocorocó!
Ele cativou-as logo com a sua beleza, as cores das suas penas eram como um arco-íris e era um bem-falante. Mas tinha um grande defeito, era presunçoso.
Todos os dias havia alvoroço no galinheiro, o Sr. Galo e a Sra. Galinha cor de mel nunca mais se entendiam e o dono decidiu prender o Sr. Galo por uma perna. Caso ele não mudasse de atitude, já tinha a sentença lida, ia devolvê-lo à vizinha que o tinha dado com todo o prazer. Era o melhor galo que tinha na sua capoeira para namorar as suas galinhas.
Cada dia que passava sentia-se mais humilhado perante as suas companheiras.
Rezingão, ameaçava a Sra. Galinha cor de mel.
_ Não esperas pela demora, logo que anoiteça vais ver o que te faço, galinha ranhosa.
Disse com tal fúria de vingança que a galinha cor de mel encolheu-se no poleiro, cheia de medo.
As amigas deixaram de lhe falar e olhavam para ela com desdém e cochichavam entre elas quando ela passava.
Ela não tinha paciência para tanta hipocrisia e, sorrateiramente, saiu do galinheiro, quando apanhou o Sr. António distraído.
Seguindo o caminho pela horta, encontrou umas couves tenrinhas, debaixo da nogueira, e logo as começou a depenicar gulosamente.
Depois do papo cheio, continuou o seu passeio quando ouviu um miar muito fraquinho. Correu para ver o que se passava e qual é o seu espanto quando vê um gatinho bebé a tiritar de frio, encostado a um monte de feno.
Cheia de pena e cautelosamente, aproximou-se dele. Aconchegou-o debaixo da sua asa para o aquecer. O Didi, assim se chamava o gatinho, era uma gracinha. Parecia um novelo de lã preto e branco com uns olhos brilhantes cor de esmeralda. Durante um tempo, o gatinho manteve-se calado e sossegado. Não sabia as horas mas tinha que regressar à capoeira, ainda davam pela sua falta e sujeitava-se a ficar com as asas cortadas. Despediu-se do gatinho e voltou para o galinheiro. Com tristeza, ele seguia-a à distância.
De repente, ouviram uns passos! Era o Sr. António que passava pelo local.
Finalmente encontrei-te! - Disse o camponês satisfeito ao olhar para o Didi.
_ Andas por aqui perdido, Didi, onde está a tua mãe? Pegando nele ao colo.
O gatinho miava continuadamente.
-Vem comer e aquecer-te ao borralho. Entretanto a tua mãe aparece.
De regresso ao galinheiro, a galinha cor de mel ia muito alegre, tinha feito uma boa acção, salvou um gatinho, ele podia ter morrido de frio. Nem a porta fechada do galinheiro lhe tirou a alegria. Olhou para todos os lados e, como não viu ninguém, entrou a voar.
A partir daquele dia, o Didi e a galinha ficaram amigos.
Todos os dias o gatinho Didi olhava de longe a sua amiga Galinha e ficava muito triste quando o Sr. Galo a picava sem dó nem piedade. Ele não podia fazer nada contra o Sr. Galo, mas podia consolar a amiguinha.
Fez tantas tentativas para entrar no galinheiro que um dia esticou-se tanto que coube no buraco da rede, e fez-lhe uma festinha com a pata na asa. Ela sorriu e ofereceu-lhe a asa para se esconder do Sr. Galo, que naquele momento ia a passar.
Sr. António admirava o cenário, já há algum tempo, e disparava a máquina fotográfica sem parar, para um dia mostrar às sobrinhas, Beatriz e Inês, que a amizade simplesmente acontece.