O SONHO DO PARDAL
O pardal era muito comum nas tardes quentes do semiárido. Era um pássaro de que todo menino ouvia falar. Na fazenda de meu avô paterno havia muitos deles fazendo ninhos na beirada do telhado.
Falavam que eles comiam insetos, mas eu somente os via engolindo sementes.
Meu avô não gostava dos pardais, talvez pela voz deles não apresentar atrativo, incomodando as conversas na varanda.
Mas havia uma beleza nos imensos bandos chegando à tardinha e pousando no tronco das árvores ou no telhado. Isso minha mãe me mostrava até com um sorriso no rosto.
_ Veja, Pedro! Eles vêm dormir juntinhos!
Do que me lembro, um pardal deixou-se a ficar triste e a não querer voar com o bando. Na fazenda, grande para um menino de oito anos, eu não entendia como aquela ave não estava satisfeita com a vida que levava. Ele não se ausentava do tronco do cajueiro onde morava nem para se alimentar.
Tudo se passou por uns quatro dias de que eu fiquei com atenção àquele animal. Eu mesmo, insisto em dizer, fiquei observando o pardal e apenas me ausentava nas horas das refeições ou para dormir.
Ahn, pobre pássaro! Que faço por você?
Terminei indo me queixar a meu avô. Ele sabia de muitas coisas e, para mim que sou da cidade, ele era a figura que mais entendia de pássaros.
E era verdade. Fiquei naquela hora sabendo que o pardal queria bater asas do ninho. Eu quis entender o que meu avô explicava. Pois, com muita paciência, ele me disse que o pardal era um animal citadino por excelência. Ele, meu avô, fez com eu trouxesse este pardal e hoje ele ocupa meu cajueiro no quintal.
Sendo que ele tem já uma família e voam pela cidade, que alguns vizinhos reclamam do barulho. Felizmente a noite chega e vamos dormir no mais completo silêncio.
Na fazenda de meu avô apenas voltei por rápidas visitas. Nada que meu pardal sentisse falta. Acho que ele se esqueceu de onde veio – que seu sonho foi mesmo realizado!