O menino e o periquito na gaiola
O menino ficou parado olhando a gaiola. Não era tão grande, mas muito vistosa com os bambus envernizados.
Ele notou quando o periquito pulou do poleiro e sentou as patas no chão da gaiola. O piso era de tábuas coberto com um papelão. Havia duas vasilhas para o alimento. Assim com água fresca e uns coquinhos jogados no fundo da outra. O periquito pegou um dos frutos e começou a bicá-lo.
A hora era de um sol forte de novembro. Logo o dia seria quente e seco, característico do semiárido nordestino. O animal preso lembrou ao menino, intimamente, um sentimento de árvores, galhos retorcidos, algumas folhas ainda verdes resistindo ao estio. Afora isso, a vontade era de correr pelos espaços das faveiras e subir em seus galhos para admirar o dia.
Parecia coisa de pomar o quintal todo carregado de goiabas, acerolas e mangas. Alguns cajus ainda exibiam seu sabor antes do fim da safra. Para o periquito, no entanto, era um dia seco de movimentos e de sabores. E os lugares mais longe ainda de essências da região.
O menino estava num aspecto de admiração da natureza. Então, chegou perto da gaiola e a abriu.
Pareceu uma festa explosiva de asas. O periquito num amor extremoso pela liberdade voou para o céu azul. O menino, tomando o exemplo, que todos sabiam ser de alegria, saiu aos gritos pelo quintal:
_ Voa, meu periquito, voa!