Fadas
Nos fundos da minha casa há um belo quintal repleto de muitas plantas, gramíneas, flores, perfumes e de seres que passam despercebidos para aqueles que estão sempre com pressa de viver.
Há minhocas que vivem se enrolando de preguiça, há formigas trabalhadeiras, joaninhas namoradeiras, grilos paqueradores e até mesmo abelhas beijoqueiras.
Há mais vida do que podemos imaginar, mais segredos do que podemos compreender.
Dia desses, enquanto conversava com uma flor rosa de vergonha ouvi gritos de saudações atrás de minhas costas. Olhei, olhei e nada encontrei. Os gritos continuavam. Persistente continuei a procurar aquele vozinha meiga e delicada que insistia em falar comigo...
Abaixei-me rente a verde grama e ouvi ainda mais forte aquele doce chamado. Quando comecei a olhar com os olhos do coração consegui ver a beleza e magia do lugar, antes tão desvalorizado e diminuído.
Quem me chamava era a Fada Lina, um serzinho minúsculo, mas com grandezas incomparáveis...
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Minha vida mudou desde que a conheci. Lina me ensinou muito: a ver calmamente as pequenas e belas obras do Papai do céu, a prestar atenção aos mínimos ruídos, a silenciar para ouvir, calar também foi algo que ela me ensinou e que custou para eu aprender.
Lina não me cobrava nada, apenas gostava de mim do jeito que eu era. Aprendi a amá-la por isso. Senti-a me bem perto dela porque sabia que era de mim mesmo que ela gostava.
O tempo passou, minha fada querida precisou viajar a outros quintais e jardins para ensinar para novas mentes inquietas.
Sempre que tenho saudades dela sento-me calmamente para sentir o vento gostoso em minha face. Sei que ela sabe o que eu estou fazendo e que sorri de alegria por eu ter aprendido sua lição carinhosa de serenidade e leveza.
Todos nós temos uma Fada que nos acompanha. Lamento que muitos não tem tempo para ela, mas acredito que o tempo um dia permitirá o encontro... assim como aconteceu comigo.