Bicharada no jardim
Enquanto a aranha tece as rendas que se emaranha, borboletas prosam pousas no galho da verde rama.
A mais prosa gaba-se risonha das visitas ao jardim, outra mais tristinha lamentosa diz assim:
- fui a rosa em visita, beijar-lhe em feliz dia! Mas, havia lá uma abelha toda áspera arredia, discutindo com a formiga, sobre quem direito tinha. No susto escorreguei e furei a minha asinha, no espinho do galheiro protetor e bom vizinho.
Zumbindo passa o vento sacolejando a folhagem da tristeza de pintor, que crescera sobre o balde dividido à outra flor, que é morada da joaninha, protestante à mesma dor:
- zumbi, sacoleja vento siriri, mas, lhe peço não demore que minha casa é muito pobre, balançando vai cair. E se cai fico ao relento, sem abrigo pra dormir.
E a aranha ziguezagueia em cantarola, terminando outra série, preocupada com o tempo de findar a sua teia:
- vou tecendo, vou rendando, vou subindo e vou descendo, terminando o meu trabalho pegarei meu alimento... Teço, rendo e não me rendo, construindo minha rede eu garanto o meu sustento...
........... “ Catarino Salvador “.