O ESPANTALHO E OS CORVOS

Em uma fazenda, um fazendeiro, cansado de ver seu milharal sendo comido pelas aves resolveu colocar um boneco de palha para espantar as aves matreiras.

Sentado em sua varada, sob a luz do sol da manhã, o fazendeiro, pegou alguns lençóis de várias cores, que não lhe serviam mais, e os recortou formando varias partes de um corpo. As pernas ele fez com o lençol azul e para dar mais destaque, recortou pequenos panos de várias cores e costurou. A parte dos braços ele fez com o lençol vermelho e, como nas pernas costurou as mesmas cores. Para o tórax usou o lençol amarelo, e para esta parte, não costurou retalhos.

No final da manhã, tinha costurado todo o corpo faltando apenas, os pés, as mãos e a cabeça. Este foi o grande dilema do fazendeiro. Ao olhar para o chão viu que não havia mais matérias para a confecção das partes que faltavam.

Sua senhora chegou de mansinho e o vendo pensativo e perguntou o que estava inventado. Ele todo contente com sua ideia lhe disse que iria construir um espantalho para espantar as aves do milharal. O problema era que não sabia como terminar as outras partes. Tinha feito quase tudo, e só faltavam as pernas, as mãos e a cabeça.

Vendo que ele não conseguia terminar o boneco, sua esposa, colocou a mão em seu ombro e o mandou almoçar. Neste tempo, enquanto almoçava sua senhora fora até o seleiro e recolhe em um saco vários fenos e palhas. No caminho de volta, passando pela cerca viu encostado em um tonel, uma abóbora; junto da abóbora um chapéu de palha. “Serviram para o espantalho!” Disse ela. Passando pelo jardim viu encostado a torneia, toda enlameada um par de botas e um par de luvas pretas de pano. “Também serviram para o boneco.”

Quando retornou a varanda o fazendeiro já havia retornado. Ela, toda contente, lhe entregou o material que tinha recolhido. “É para você terminar o espantalho.” A alegria foi grande, pois, com aquelas matérias poderia terminar o boneco. Com a ajuda encheu o boneco com o feno e palha; costurou a bota enchendo-a com palha para dar mais volume; costurou as luvas para formar as mãos. Para a cabeça colocou a abóbora, mas algo ficou estranho, pois o boneco ficou sem expressividade.

Já tinha chegado o inicio da noite e os dois sentados olhavam para o boneco. A abóbora não estava definindo a cabeça. Cansados resolveram deixar para o outro, pois nenhuma ideia aparecia. Para não deixar o boneco jogado no chão o colocou pendurado em uma árvore e foram dormir.

Neste tempo, já cansados de se alimentaram do milho no milharal, um grupo de corvos, passaram voando e vendo aquele objeto amarrado na árvore ficaram curiosos e resolveram dar uma espiadela.

Em um tronco oco, a uns dois metros, uma coruja, tinha passado o dia observando a construção do espantalho. Lá de longe viu os corvos em uma discussão sem fim, não suportando mais resolveu intervir na discussão. A coruja, metida à esperta, foi logo dizendo que era um objeto que serviria para espantar as aves que vinham se alimentado do milharal do fazendeiro. “Essa coisa! Isso não consegue espanta nem a si mesmo. E, bateram asas e se foram a ri do pobre do espantalho.” A coruja deu um sorrisinho maroto e pensou: “Eles vão ver uma coisa.” Quando os corvos se foram, a coruja, se aproximou do espantalho e canto uma pequena rima mágica.

Acorda boneco de pano!

Nesta terra será o espanto.

Acorda boneco dorminhoco!

Nesta terra espantarás o corvo.

Como mágica um grande manto se formou e quando o manto se foi o boneco estava completo. Agora possuía cabeça, suas roupas estavam diferentes. Quadriculada era sua camisa. A causa um marrom se fez presente. A botina escura brilhava a luz da lua. O chapéu de palha pedia-lhe na face.

A coruja, toda contente, do seu galho cantou uma pequena rima.

Acorda boneco de pano!

Acordo! Agora serás humano.

Acorda boneco medroso!

Acorda! Pois, agora serás corajoso.

O boneco abriu os olhos, esticou os braços, balançou as pernas. “Que lugar e este?”. “Esta é sua casa. Quando os primeiros raios da manhã brilharem, você, boneco, irá para o milharal e protegerá, dos corvos, a plantação do fazendeiro.” Disse a coruja e bateu as asas mergulhando na noite.

Ao amanhecer o fazendeiro quando abriu à porta quase cairá de susto ao ver seu boneco diferente. “Querida corre aqui!” Toda assustada a senhora correu e quando viu o boneco ficou contente. “Isso é mágica da mãe natureza. Vá e leve o espantalho para o milharal.”

Assim, o fazendo levou o boneco e o colocou no meio do milharal. Todo orgulhoso retornou para casa.

Quando os corvos chegaram à primeira coisa que viram foi boneco com os braços aberto, olhar fixo no horizonte.

“Quem é você? O que está fazendo no nosso milharal?” Gralhavam as aves.

O espantalho deu um salto no ar, soltando-se de pau que lhe prendia e ao tocar no solo e começou a roda e cantar.

Meu nome é Simão.

Boneco espantalhão.

Ave intrometida.

Neste milharal não terás mais comida.

Meu nome é Simão.

Boneco espantalhão.

Aves comilonas.

Neste milharal não serás mais donas.

As aves ao ver aquele boneco correndo de um lado para o outro segurando um pedaço de galho, assustada, bateram asas e se foram.

Nunca mais o fazendeiro teve mais problema com os corvos. Todas as manhãs, quando os primeiro raios da manhã banhavam o milharal, o boneco espantalho criava vida e corria pela plantação de milho a espantar as aves que queriam se alimentar das espigas de milho.

FIM