O COLECIONADOR DE BORBOLETAS
CAPÍTULO UM - UMA BORBOLETA RARA
Meu pai! O que os meus olhos estão vendo, será que é verdade?
Uma linda borboleta da espécie grega Apolinarium Apollum!
Tal inseto maravilhoso em nosso mundo é de fato uma raridade,
pois tornará minha coleção rica em ter uma espécie incomum.
Apolinarium Apolum é uma espécie de borboleta que traz três cores consigo.
Branco e azul que estão na bandeira da Grécia e amarelo que representa o sol.
O sol era um deus e tinha o nome de Apolo/Febo consoante o mito do grego antigo.
A palavra Apolinarium significa consagrada ao Apolo, deus que a gente já falou...
Apolinarium Apolum é uma borboleta que tem um voo suave, poético e encantador.
Suas asas ao baterem durante o voo é uma petição carinhosa de licença ao vento.
Não sei quantas borboletas dessas existem, só sei que são raras e de muito valor.
Fico imaginando as caras dos meus amigos ao verem na minha coleção
uma Apolinarium Apollum toda majestosa. Será o comentário do momento.
Minha coleção será cobiçada por todos, inclusive poderá ser chamariz de ladrão.
CAPÍTULO DOIS - APURO
Mesmo sem estar com os meus apetrechos de caçar borboletas vou tentar pegá-la,
não sei terei outra chance, portanto não posso deixar passar tal oportunidade...
Pé ante pé para que o inseto não percebesse sua presença, o homem tenta agarrá-la,
mas Apolinária obedecendo a sua intuição fugiu do homem usando muita agilidade.
Vem cá sua fujona, vem cá! Você vai tornar minha coleção ainda mais valiosa!
Fique parada aí sua danadinha! Não tenho mais preparo físico para tanta correria.
O que você quer comigo? Não lhe fiz nada! Não podemos resolver com uma boa prosa?!
Não há o que conversar! Quero apenas tê-la na minha coleção “ para minha alegria”!
Só bicho homem faz uma coisa dessa! Tira vida de outra ou da mesma espécie por bel prazer!
Sou uma criatura pequenina, não tenho peçonha, não faço parte de sua cadeia alimentar,
mas mesmo eu não lhe oferecendo perigo nenhum você ainda deseja me matar!
A tagarelice toda acontecia durante o voo ziguezagueante e na correria do humano para ter
a desejada borboleta. Infelizmente todo o esforço do colecionador foi em de fato vão.
Ela fugiu. Tomara que não seja a única chance de ter a rara borboleta à minha coleção.
CAPÍTULO III - PROTETORA
De repente há um choque de uma borboleta com uma fada e ambas caem ao chão.
Que isso, Apolinária! Posso saber onde você está indo com todo esse desespero?
Fada Arco-Íris, salva-me! Estou fugindo de um humano que quer me colocar na sua coleção...
Apolinária, que ser desprezível! Venha comigo! Moro aqui perto. Você estará salvo, espero.
Eu estava dando meus passeios quando pressenti um perigo enorme ao meu redor.
Olho bem a minha volta e o que vejo? Um homem vindo sorrateiramente á minha direção.
Ainda bem que fui esperta! Ele tentou e não conseguiu. O bicho homem se dizia colecionador
de borboletas e que por eu ser uma borboletinha raríssima, tornaria valiosa sua coleção.
Creio que jamais me esquecerei desse sujeito: gordo, calvo, alto e dono de uma voz grave.
Consegui fugir dele porque o humano não tinha preparo físico bom. Esse foi seu entrave.
Se você não se importar, ficarei mais um tempinho até o vilão estar longe, léguas daqui.
Fique o tempo que for necessário. Enquanto esse homem estiver aqui você não estará em paz.
Tenho certeza! Temos que mandar o homem para fora do Portal através de um plano eficaz.
O pior, Apolinária, que não sou boa nisso. O seu amado Grilo Falante monta cada um que...
CAPÍTULO IV - O PODER DE UMA SACERDOTISA
Nosso eficiente estrategista não está. Com o mal lá fora não há como chegar até ao meu amor.
Então serão nós duas mesmas que teremos que nos virar para resolver de imediato tal parada.
Não sei se você sabe, mas eu sou uma sacerdotisa que numa linda borboleta fui transformada
pelo deus Apolo, pois eu estava decidida ir atrás do meu amado (Grilo Falante) seja onde for.
Para ficar adequada ao contexto que eu queria estar, o deus Apolo me concedeu a tal graça,
transformando-me nessa bela borboleta. Ela não me tirou os poderes de uma sacerdotisa.
Usarei o poder da clarividência para saber quem é o meu inimigo e o que na cabeça dele passa.
Conhecendo-o poderei criar uma estratégia que funcione a nosso favor e de forma decisiva.
Estou vendo... o colecionador veio parar aqui com a finalidade de me capturar à sua coleção.
Ele vem estudando borboletas raras em longas datas. Sua Intenção é pegar uma por uma
e assim ter de todos os colecionadores do mundo muito respeito e também admiração.
Caso o humano consiga mais de um exemplar, venderá a quem lhe oferecer mais dinheiro.
Ele é entendido no assunto. No mundo todo uma coleção igual a dele não há nenhuma.
Apolinária, animais raros tornam o feitiço ou encantamento inquebrantável por inteiro.
CAPÍTULO CINCO - PASSOU O PERIGO
A magia feita com eles fica tão indestrutível que nem os deuses conseguem desmanchá-la.
Se os animais raros caem nas mãos de inescrupulosos sedentos é sofrimento na certa.
Estou muito apreensiva, Apolinária! Temos que de dar um basta nesse humano “mala”...
Sim, Fada Arco-Íris; todavia, primeiramente, tenho que salvar minha pele que está incerta.
Você tem outro poder além da clarividência e que a gente poderia usar ao nosso favor?
Sim! Através da telepatia posso ouvir o pensamento daquele perverso ser humano...
Droga! Perdi a borboleta! Quando a verei outra vez? Desenharei o local para quando eu for
retornar aqui amanhã o encontre sem nenhum problema e/ou sem nenhum engano.
Vou para casa. Separarei meus apetrechos de pegar borboletas, deixando a minha disposição
para o dia seguinte. Equipado, terei a esperança de encontrar a borboleta da minha coleção.
Decepcionado consigo mesmo e cansado também, o colecionador retorna para o seu lar.
Fada Arco-Íris, obrigada pela hospitalidade. O bicho homem já foi embora e retornará amanhã.
Já posso ir embora. Visitarei o meu amor, Grilo Falante, e depois com todo meu afã,
pensarei num jeito de tirar aquele asqueroso humano do um pequenino calcanhar.
CAPÍTULO SEIS - O PLANO
Antes de ir embora, você me emprestaria sua varinha de condão por apenas um dia?
Se lhe emprestar, ficarei sem poderes... para que você quer minha varinha de condão?
Estou arquitetando um plano para ficar livre do colecionador, a varinha será de muita valia
para que o malvado homem me deixe pra sempre em paz, precisará de prender uma boa lição.
Amanhã no local e horário desejado por ele, estarei lá para que a sua insanidade cometa.
Fingirei que estou resistindo à intenção dele. Quando encostar em mim o ser irracional,
usarei a varinha de condão para me defender e o transformarei numa comum borboleta.
Conversarei com algum bicho da floresta para que o homem seja atacado por esse animal.
A fera não vai comer e nem machucar o bicho homem; agora, Fada Arco-Íris, lhe prometo
a minha intenção é fazer com que o humano sinta na pele o que ele está fazendo comigo,
assim não perseguirá animal nenhum. Esse homem já terá consciência do sabor do perigo
que está me proporcionando. Duvido que o homem volte a essa vida de assassino obsoleto!
Emprestarei minha varinha sim, uma vez que você não está visando fazer nenhum mal
e sim colocar o danado do ser humano no caminho ecológico do bem que é universal.
CAPÍTULO SETE - EM EXECUÇÃO
O que é do homem o bicho não com! Afirma com razão o sábio provérbio popular.
O que os meus olhos veem de novo? A encantadora borboletinha da espécie rara!
O máximo que irá fazer é resistir. Estou preparado para obtê-la, não há como escapar.
Correndo, o colecionador joga a rede de pegar a borboleta e captura o inseto que desejara.
Sou a única pessoa da face da terra a ter uma borboleta feita pelo deus Apolo segundo a lenda.
Que felicidade! Minha coleção será valiosíssima! Os colecionadores ficarão com inveja de mim!
Matarei minha curiosidade. O colecionador pega a borboleta pela asa... que beleza estupenda!
Valeu à pena minha determinação e estudos. Creio que somente eu tenha uma alegria assim.
Na hora em que era devolvida à rede, Apolinária toca no colecionador com a vara de condão.
Que isso! O que está acontecendo comigo? Parece que estou sofrendo uma transformação!
Parece não, colecionador, você está se transformando numa simples borboleta como eu.
Caramba! Que maldição é essa?! Por que está acontecendo comigo tudo isso?
Colecionador, fique tranquilo. Você não está sendo vitimado por um feitiço ou um castigo.
Esta é uma terra encantada. Aqui a magia é capaz de mudar a realidade que você conheceu.
CAPÍTULO OITO - A NOVA REALIDADE
Já que você quer me matar, para eu que possa fazer parte de sua horripilante coleção,
resolvi, colecionador, virar o jogo. Agora você sentirá na pele o que e ser uma presa.
Agora você sentirá na pele o que é viver com alguém atrás de você fazendo maior presão,
querendo lhe matar e com poder pra isso, implantando em si medo de morrer, daí a tristeza.
Se eu não quiser como borboleta? Como é que fica? Ou não terei direito de escolha?
Você virou uma borboleta depois que lhe toquei com uma potente varinha de condão.
Você é uma borboleta ou uma fada? É tão bizarro que a minha mente parece dar bolha...
Colecionador, sou uma borboleta rara. Esta é uma terra de magia, repito minha informação.
A Fada Arco-Íris me emprestou a varinha de condão para que eu o fizesse ficar igual a mim.
Para voltar à forma humana, basta desejar a qualquer fada que você que reornar a ser gente
e confessar de todo coração que não vai mais caçar borboletas e que abandonou tal ato ruim.
Não acredito! Até aqui na terra encantada tem seres fazendo chantagem e humilhação,
pois é isso que está acontecendo comigo ou será que pra você tem outro nome então?
Colecionador, sua ignorância aliada ao egoísmo fazem com que você lhe faça mal, enfim.
CAPÍTULO NOVE - A HORA DO PITO
Que graça tem em pegar borboleta, matá-la e pô-la num quadro morta e presa com alfinete.
Sou uma espécie rara,valho até bons trocados, e outras que não têm se quer valor monetário?
Você agora é igual a elas. Matar alguém pra não comer ou que nos cause perigo como este
que você me impôs, só pode ser monstruosidade humana. Ainda vem até a mim num topete...
Nenhum a vida pode ser tirada de um ser por dinheiro, bel-prazer de outrem, ou preconceito.
Todo ser vivo tem sua importância no mundo em que vive, caso contrário não seria criado;
portanto, colecionador, para fazê-lo voltar ao que era antes ( bicho homem), só há um jeito:
Você, colecionador, aprender a lição que por mim lhe está sendo gratuitamente ensinado.
Está bom, senhorita Apolinária! Chega de blablablá! Não precisa mais! Agora sim, entendi!
Volte-me à condição humana que não perseguirei mais você, fingirei que jamais a conheci.
Se for necessário e/ou do seu interesse, vou embora até do Portal e nunca mais pisarei aqui.
Anda! Vamos! Volta-me a ser gente de novo! Não aquento mais essa situação inusitada.
Colecionador, desculpa-me! Você está bancando o tolo, fingindo que não entendeu nada.
Você não se arrependeu. O desejo acompanhado de remorso deve ser feito a uma fada.
CAPÍTULO DEZ - ONOMATOPEIA DO PERIGO
Outra coisa: a varinha a qual lhe toquei não me pertence, logo já foi devolvido à dona.
Apolinária, silêncio! Estou ouvindo algo. Veja se você consegue também identificar...
O que pude perceber até agora que se trata de uma ave, proprietária de uma vozeirona
que mesmo estando distante o som emitido por ela chega aqui. Vamos nos concentrar.
Apesar de estar ainda estar ainda muito longe, acredito que tal som muito bem eu ouvi.
Então desembucha! Só de ser um passar, temos que colocar nossas barbas de molho.
Podemos, colecionador, redobrar nossa atenção. O som que escutei é de um bem-te-vi.
Pra um inseto, esse pássaro é o próprio diabo emplumado. Viver agora será um abrolho.
Apolinária, o pássaro bem-te-vi tem principalmente nos insetos sua alimentação preferida.
Portanto a morte para nos alcançar não demorará tanto e resistir seu ataque não adianta.
logo,logo, não necessariamente nessa ordem, do bem -te-vi eu serei o almoço e você a janta.
De onde tirou tal ideia? Dois insetos. Quem pegar primeiro? Darei um jeito de ser a escolhida,
enquanto isso você voará, buscando ajuda para que eu possa viver da investida do bem-te-vi.
As fadas do Portal são minhas amigas. Tome este endereço. Elas moram bem pertinho daqui.
CAPÍTULO ONZE - O FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO
Sou um homem, borboleta - macho, sei lá, de princípios. Inverterei só uma coisa no seu plano:
Confrontarei a fera e você foge pra pedir ajuda. Não conheço as fadas, muito menos este local.
Se eu fugir, não resistirei à tentação e salvarei apenas minha pele, causando-lhe desengano...
Não quero comigo dois arrependimento, já basta um: de ter causado às borboletas o mal.
Cada segundo que passa vai se aproximando cada vez mais o som cruel da morte detentora.
Apolinária, não há como desfazer o que já está feito. Com a dona morte em nosso encalço
é que percebi o quanto fui tolo em ter uma coleção de borboleta de beleza tão encantadora,
indefesa e que jamais quis de alguém a aniquilação. Juro a você que não estou sendo falso.
Dando minha vida pra salvar a sua, já tira da minha consciência um enorme e incômodo peso.
O feitiço virou contra feiticeiro. Antes eu era o predador, hoje sou a presa. Agora apenas rezo
para morrer sem sofrimento. Apolinária chora sensibilizada com as palavras do colecionador.
A borboleta-macho num outro gesto cavalheiresco oferece à Apolinária o seu ombro amigo.
Perdoa-me as lágrimas, mas elas são de felicidade por tudo aquilo que de coração você falou.
Não há do que pedir perdão, Apolinária. Pena que só agora minha consciência doentia sarou.
CAPÍTULO DOZE - ANTENOR
Acompanhado da Fada Arco-Íris, o bem-te-vi pousa bem perto das borboletas, seus petiscos.
A fada, amiga da Apolinária, toca no pássaro com a varinha e este volta a ser o Grilo Falante.
Desculpa-me, minha amada, não poderia deixá-la em apuro, passando por quaisquer riscos.
Que lindo! Como posso achar ruim auxílio de alguém que na minha vida é o mais importante?
O Grilo Falante e a borboleta Apolinária se abraçam, se beijam, trocam olhares de felicidade.
Apolinária e a Fada Arco-Íris contam tudo para o colecionador que já está do susto refeito.
Ele fica surpreso, mas depois aceita a lição da Apolinária e até lhe propõe manter a amizade.
Fada Arco-Íris toca no colecionador com sua vara e o mesmo tem seu viver de inseto desfeito.
Meus novos amigos, tirem-me o codinome de colecionador. Chamem-me pelo nome: Antenor.
Lindo nome que você tem! Ele agora não vai mais rimar com dor, dissabor, horror, pavor...
Você está certa, Apolinária. O meu nome agora estará ligado à natureza, nosso bem maior.
Fada Arco-Íris, nunca é demais agradecer. Muitíssimo obrigada pela sua eficaz proteção.
Grilo Falante, meu amor, que tal irmos namorar e falarmos somente de coisas do coração?
Antenor, prazer em conhecê-lo. Arco-Íris, grato por cuidar de Apolinária. Amor, vamos então.
O FILHO DA POETISA