Os dois conselhos

Sandra entra apressada na escola, era dia de prova e ela queria ser a primeira a entregar, afinal tinha estudado muito pra este dia. Era a sua chance de ganhar um prêmio participando das olimpíadas de matemática.

Ao entra na sala, sentiu o nervoso tomar conta do seu coração e não conseguiu se controlar, dá meia volta e sai correndo da sala e ninguém faz nada para impedi-la, ao chegar lá fora, vai para o jardim onde começa a chorar. Senta em um banco em baixo de uma árvore e tenta se aclamar.

Mais tranquila, lembra do que tinha feito e começa a se culpar: Porque tinha feito isto? Tinha estudado muito para a provinha Brasil depois que sua professora Cassia tinha feito sua inscrição. Ela era muito boa em matemática, sempre tirava a nota mais alta de seu turma de quarta série.

A professora tinha acreditado nela, todos da escola estavam torcendo por ela, não era todo dia que um aluno da escola participava de um evento deste e ela ainda estava sem conseguir explicar pra si mesma o seu gesto. Como contaria pra sua mãe Lourdes que não tinha feito a prova? Ela tinha certeza que ela ficaria muito triste se soubesse a verdade, porque tinha certeza que Sandra se sairia muito bem.

Que situação complicada se metera, porque não fora mais forte que o nervosismo? Queria que sua mãe ficasse orgulhosa dela, mas depois do que fez, tirou todas as esperanças de Lourdes. Ela precisava inventar algo para não descobrirem que não tinha conseguido fazer a provinha, mas o que? Teria que pensar algo e rápido.

Sandra se levantou e deixou a escola, precisava de ajuda o mais depressa possível, mas quem poderia lhe ajudar? Ela não podia contar pra ninguém o que acontecera. Em que enrascada se metera, andou um pouco e encontrou um parque que há esta hora da manhã estava vazio. Tudo ao redor era serenidade e paz, lugar perfeito para ela já que não podia voltar para casa com medo de ser descoberta.

Ela lembrou da vida difícil que tinha ao lado da mãe. Seu pai abandonara elas há mais de três anos por não querer trabalhar e nem compromisso com a família e devido a isto, sua mãe tinha que trabalhar em dois locais diferentes e com muito sacrifício sustentava elas duas e estava sempre lhe dizendo: Sandra, você precisa estudar para não ficar igual a mim que não tive condições de estudar e hoje não consigo um emprego melhor que este

A família para quem ela trabalhava procurava lhe ajudar sempre que podia, era na compra de uniforme ou de material escolar e eles também acreditavam que ela se sairia muito bem na prova. Quanta responsabilidade que tinha que carregar.

Não conseguia entender o que se passara com ela, ao entrar na sala e ver tantas crianças disputando um lugar na premiação achou que não teria nenhuma chance de ganhar. Ela imaginava que tinha alunos muito mais preparados que ela.

O medo de não conseguir tirar uma boa nota fizera que desistisse sem tentar. Sim fora o medo de não conseguir o responsável por não ter tentado. Olhou para o céu e pensou em Deus, que deveria ter visto tudo o que ela fizera. Lourdes lhe dizia que ninguém enganava os outros e sim a si mesmo.

Realmente ela tinha razão, Deus sabia o que ela tinha feito, ela sabia e a certeza que tinha errado não lhe deixava em paz, a dúvida buzinava em sua cabeça e era como se tivesse dentro de si, duas pessoas lhe falando: A primeira lhe dizia que deveria contar a verdade, que era melhor pegar um bronca por contar a verdade do que mentir, já a segunda pessoa lhe pedia para não contar, por que sua mãe iria ficar triste ou lhe bater, que todos da escola a chamariam de covarde, que os patrões de sua mãe não iriam mas lhe dar nada,

E agora? A quem ela ouvia. Se levantou, depois de passar mais de três horas nesta dúvida. Sem pressa de chagar em casa, foi caminhando lembrando dos conselhos que recebera. Ela não queria que todos dissessem que era covarde e nem gostaria de deixar sua mãe triste e optou por mentir, ela considerava que era a melhor.

Ao entrar em casa, encontrou a mãe fazendo sua comida preferida, ao vê-la foi logo perguntando: Então filha, como foi a prova? Sandra ficou entre a cruz e a espada, contar ou não contar, quanta indecisão. Lourdes estava esperando pela resposta que não vinha.

Lembrou de seu pai que mentia por qualquer motivo, de como se metia em confusão, de como criara inimigos e antipatia por onde passava. Lourdes sempre lhe dava conselhos: Sandra, a mentira é um vicio, é melhor contar a verdade, por mais que ela seja dolorosa do que uma mentira que destrói. Quando uma pessoa é acostumada a mentir, quando decide dizer a verdade ninguém vai acreditar nela.

Neste momento tomou a sua decisão, contou a verdade á mãe que ficara orgulhosa desse gesto. Abraçou a filha explicando que sua atitude em não fazer a prova estava errada, que não devemos desistir sem antes tentar, mas sua coragem em contar a verdade era o melhor prêmio que ela poderia contar

Escritora Dotthy
Enviado por Escritora Dotthy em 10/10/2012
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