O lobo e o cordeiro

Logo ao nascer, o cordeirinho se dirigiu sozinho a um regato. Enquanto bebia despreocupadamente, o lobo se aproximou sorrateiro, surgindo repentinamente ao lado do carneirinho.

Assustadíssimo, o pequeno viu o lobo retirar a imensa boca da água, para mirá-lo ferozmente, dizendo:

— Ah, então é você que vem sempre aqui sujar a minha água quando estou bebendo?

Apavorado com a intervenção raivosa, o cordeirinho baixou os olhos ante o olhar selvagem do lobo para responder com voz trêmula:

— Não era eu, eu acabo de nascer e nunca tinha vindo beber água.

A desculpa pareceu grande ofensa aos olhos do lobo, que bufou iradamente, indignado com o desrespeito do pequeno ao lhe contradizer, e respondeu com ferocidade:

— Ooora! Mas se não foi você foi seu pai!

E tascou o cordeirinho.

* * *

Posteriormente, conversando com colegas, o lobo deixava transparecer sua sagacidade, enquanto justificava a ação: o baixar de olhos do cordeiro, incapaz de sustentar o olhar do lobo, equivalia a uma confissão; demonstrava inequivocamente a sua culpa.

A confissão justificou o registro do auto de resistência da ocorrência.