A menina que sonhava
Era uma vez uma menina que adorava sonhar. Quando ia à escola, não conseguia se concentrar nas tarefas, pois o lápis estava sempre explicando porque sua ponta quebrava. O caderno – muito branco - não gostava de ficar sem cores e a menina então o pintava com um pouco do azul do céu e na parte inferior passava riscos de um verde-limão sentindo que o capim estava molhado de chuva. Depois, deslizava lentamente os dedos no papel como quem caminha numa grama fresca sentindo o vento no rosto.
E a cada dia era um novo sonho... Pequenas e grandes letras nas aulas de Português vinham conversar com ela, que, a menina decidia sempre convidá-las para escrever nomes de frutas suculentas ou de animais em árvores ou de pessoas da família... Isso reunia um tempo delicioso e toda a sala de aula notava.
Mas talvez a menina sonhasse mais na hora do recreio, pois se sentava na calçada debaixo do cajueiro e ficava olhando as nuvens passarem na companhia dos pássaros. Era possível, nessas ocasiões, vê-la de braços abertos como quem desce correndo morro abaixo.
_ O que há com essa menina? _ Perguntavam-se as pessoas na escola.
Certo dia, uma das crianças quis também participar de uma aventura de ser árvore e as duas, de pé, começaram a abrir e a fechar as mãos (para as flores desabrocharem). Depois, com muita delicadeza se agacharam e colocaram os frutos (que estavam maduros) no chão. Mas tendo outra idéia, a menina disse que estavam recebendo água, e ficaram de pé para melhor bebê-la.
_ Que maravilha! As duas riram alto.
Outras crianças, mais meninas que meninos, correram animadas:
_ Também podemos brincar? – perguntaram prontamente.
_ Que festa! Todos na escola puderam ver o quanto criança gosta de brincar.
Assim aconteceu que a menina aproveitou mais as brincadeiras e passou até a sonhar menos na hora das aulas.