"Nas Asas da imaginação" - Contação de História
Era uma vez um menino muito esperto!
Um belo dia, o menino reparou como nunca tinha antes reparado, nos pássaros! É, nos pássaros! E eles voavam tão alegres no céu, brincavam uns com os outros, faziam manobras espetaculares! E o menino falou:
- Deve ser muito gostoso voar!
Mas ficou triste:
- Ué, por que só as aves conseguem voar? Eu também quero! Mas como?
Então, ele logo se pôs a pensar. Pensou, pensou, pensou e teve uma ideia! Uma ideia genial!
Sim! Depois de muito pensar ele percebeu que as aves voam, por quê? Porque tem Asas! Então o menino pegou uma caixa de papelão, recortou no formato de duas grandes asas, amarrou com um cadarço de sapato as asas nas costas e ele correu, correu, correu, pensou que assim poderia bater o vento e então alçaria voo como os lindos bebês pássaros! Correu, correu, correu, mas não conseguiu voar!
Mas ele não desanimou! Estava determinado a conseguir.
- Ué, o que será que deu errado com meu plano?
Era claro, muito claro! Asas são feitas de penas, e não de papelão! Então...
Então ele foi até o quintal da vizinha e pegou todas as penas que conseguiu de todas as galinhas! Construiu duas asas, muito mais bonitas e maiores que a outra! Dessa vez o menino foi até a árvore mais alta, no galho mais alto e... E ele caiu. Levou um tombo de bunda no chão! Coitadinho do menino! Se estrupicou todo. Joelhos e palmas das mãos raladas. Mas logo sarou!
Ah, judiação, segunda tentativa e nada! Mas ele era muito determinado! Analisou mais uma vez seu erro e agora era claro, claro como a luz do sol! Asas são coisas de aves. As pessoas que ele conhecia que sabiam voar eram os: Super-heróis! E os super-heróis não usam asas e sim capas!
Então mais que depressa, num piscar de olhos, foi no quarto da mamãe, pegou o lençol que estava em cima da cama, amarrou no pescoço e foi na parte mais alta do sofá! Claro, ele não iria subir naquela árvore novamente nem que a vaca tussa! E colocou também umas almofadas no chão, caso levasse um tombo novamente!
Tomou coragem, respirou fundo, se preparou e saltou! Por uns breves milésimos de segundo ele pensou que iria voar, mas não voou.
O que aconteceu dessa vez foi que sua mãe chegou à sala, viu aquela bagunça do lençol e das almofadas e fez o menino arrumar tudo. Mas enquanto ele arrumava a cama continuava a ferver os miolos! Pensou, pensou, pensou...
- Já sei! Agora tem que dar certo!
Teve uma ideia! Dessa vez era realmente genial! Ele iria construir um balão! E assim poderia voar pra bem pertinho das nuvens! Pediu ajuda para alguns amigos e construíram um lindo balão azul!
Até que depois de alguns dias, não é que eles conseguiram construir o tal balão?!
- Mas ué, como eu vou fazer esse balão subir?
Poxa, aquele balão foi feito de enfeite. Para fazer um balão subir é preciso gás, é preciso fogo e crianças não podem brincar nem com gás, nem com fogo e nem com balão.
Então ele ficou triste, muito triste... Foi para casa e dormiu.
Mas no outro dia, bem de manhãzinha, assistindo ao desenho animado, tinha um bruxo que dizia:
- Você que quer voar! Preste muita atenção! Vou falar apenas uma vez, é um segredo de família, uma tradição! Pegue papel e caneta! Se não tiver papel, anote na mão! Pegue um caldeirão!
- Bem, caldeirão eu não tenho, mas acho que essa panela aqui serve, não é! – Pensou o espoleta do menino.
- Uma asa de morcego, dois dentes de rato de esgoto, um xixi de barata bem quentinho, uma escama de baleia azul, um pelo do rabo do cavalo, uma pena de uma andorinha e sal a gosto. Mexa bem no caldeirão, espere por 10 minutos e 3 segundos e nada mais. Coe e tome! – Terminou de dizer o bruxo!
- Bem, vamos lá... – E o menino começou a pôr em prática seu plano - Asa de morcego? Hum, acho que pode ser a asa da galinha que eu peguei no quintal da vizinha, não é? Dois dentes de rato de esgoto? Tenho dois dentes de leite meus que a mamãe guardou quando caíram. Um xixi de barata bem quentinho? Jesus! Eu vou colocar chá de erva doce que tem a mesma cor e com certeza é mais gostoso! Uma escama de baleia azul? Será que pode ser de golfinho? Eu tenho esse daqui... Eu sei, o golfinho é de pelúcia, mas acho que dá certo. Ele não tem escama, mas tem os pelos da pelúcia! Um pelo de rabo de cavalo? Ah, o pelo do rabo do meu cachorro é bem mais limpinho! Uma pena de andorinha? Como eu vou pegar uma andorinha se ela está no céu e eu não posso ainda voar? Ah seu bruxo, sinto muito, essa eu pulo! Mexa bem, bem, bem. Pronto mexi! Ah, vou colocar um pouquinho de chocolate em pó para ficar mais gostoso! Coe! Pronto, coei! E tome... hum.
O menino tomou toda aquela gororoba. E sinto dizer, mas não voou, ficou com uma baita de uma dor de barriga, isso sim! E foi aí que ele desistiu de voar. Quando a dor de barriga passou, foi triste passear na praça.
Foi então que encontrou uma senhora sentada no banco da praça e que estava tão feliz, tão feliz, tão feliz, que certamente sabia o segredo de como voar! Afinal de contas, uma pessoa tão feliz só podia saber o segredo! Ele sentou perto da senhora e perguntou:
- Hei você está tão feliz!
- É claro que estou! E você por que está tão triste?
- Olha, sabe o que é? Eu queria muito uma coisa... Eu queria muito voar, mas já tentei de tudo, construí asas, uma capa de super-herói, até já tomei uma poção de um bruxo doido que vi na televisão. Mas não voei.
- Você quer voar?
- Você sabe o segredo de como voar?
- É claro que sei!
- Jura? Então conte, conte, por favor!
- Para voar você não precisa de asas, nem de capa, nada disso. Basta você usar as asas da imaginação!
- Asas da imaginação?
- Sim! Todos nós temos a imaginação e é só dar asas a ela!
- Mas como faço isso?
- Simples! Escolha um livro! Um livro bem bonito, com um nome bem interessante! Pode ser livro de aventura, de poesias, qualquer um! E pronto, é só ler! Um livro solta suas asas da imaginação!
- Como não pensei nisso antes! Lendo um livro posso voar! Viajar entre as nuvens, ir lá de baixo do mar, posso passear pela china, pela índia, na praia, na fazenda, e até lá na lua! Posso conhecer reis e rainhas, posso ser parte da história! Posso voar!
E assim o valente menino voou! Voou! Voou muito longe! Para onde as pernas não poderiam ir!