Em família
Em uma fazenda , do interior da então província de São Paulo, vivia um menino muito bonzinho filho de Nhô Antônio e da Sinhá Margarete, seu nome era Francisco mas todos os chamavam carinhosamente de Chiquinho.
O Brasil tinha recentemente deixado de ser monarquia para tornar-se republica, a escravidão tinha acabado de ser abolida e os pais de Chiquinho resolveram adotar um outro garoto órfão descendente de escravos. Seu nome era Luís, mas todos os chamavam de Lulinha.
A família o considerava como filho legítimo, embora fosse filho de escravos. Nhô Chiquinho tinha seu irmãozinho como inseparável companheiro.
Os dois andavam a cavalo, brincavam de amarelinha e faziam travessuras juntos...
Como Nhô Chiquinho era mais velho que Lulinha, o primeiro sempre levava vantagem em inúmeras brincadeiras, mas ele às vezes tirava um pouquinho o pé para que o seu irmãozinho tivesse o gostinho da vitória uma vez ou outra!
A família viajou para a capital da república, que na época no final do século XIX era o Rio de Janeiro, lá as crianças puderam conhecer o mar e ficaram encantados com a tamanha magnitude das ondas.
Os pais e os meninos arregaçaram suas vestes para poderem entrar e sentir o movimento das águas em seus pés!
Nhô Antônio tinha ido para a capital do país com a intenção de conseguir investimento do governo para sua lavoura e sua criação de gado.
Após muitas alegrias que viveram no Rio de Janeiro, ambos voltaram para o interior de São Paulo, região de Ribeirão Preto, onde moravam e os garotos começaram as aulas.
Lulinha era discriminado por seus coleguinhas por ser o único negro na escola, mas o seu irmãozinho e seus pais incentivavam-no sempre!
O garoto seguiu em frente em seus estudos tornando-se depois de vários anos um médico bem sucedido juntamente com Chiquinho.
Os pais ficaram muito orgulhosos dos dois filhos e a caçula Raquel, que nascera já no inicio do século XX, disse que seguiria os passos dos irmãos tornando-se médica também.
Deste modo eles viveram felizes para sempre!