Numa terra de Gigantes, Uma Família de Duendes

Em um mundo mágico, numa terra de gigantes, vivia uma família de duendes. Por serem diferentes eram alvos de gozações.

Dona Isaura, matriarca da família, impedia que seu filho ultrapassasse os limites do portão e fosse brincar na rua. Sozinho, sem irmãos e sem nenhum amiguinho, Valtinho puxava seu caminhãozinho de madeira espalhando areia por todo o quintal, seu cachorrinho Ernest o ajudava naquela brincadeira. Enquanto arrumava a casa (tinha mania de limpeza), a mãe o observava, nunca dizia nada nem ao menos reclamava; a coitada sofria em silêncio ao ver o seu pequeno anjinho sempre tão só.

Num belo dia de sol, dona Isaura tomou coragem, vestiu o filho como se vestisse a um príncipe e o levou para passear na pracinha do bairro.

A pracinha estava repleta de crianças gigantes. Elas riam, brincavam se divertiam... Pareciam felizes e eram. Suas mães conversavam enquanto os observavam.

Chegando à pracinha, sentaram num banco afastado. Ouve-se grande alvoroço e olhares indignados, praticamente todas as mães, num grande coro, chamaram seus filhos e puxando-os pelos braços os arrastaram dali, como se tivessem fugindo de algo contagioso.

Indignada, ao perceber que aquela tão pequena mãe abraçava o seu tão pequeno filho, uma mulher parou, segurando firmemente na mão de seu filho, abaixou-se e cochichou algo em seu ouvido e voltaram para a pracinha.

Aproximando-se de dona Isaura, tocou-a em seu ombro e perguntou se haveria algum problema se ela sentasse ao seu lado. Comovida com a atitude daquela ilustre senhora, antes mesmo de respondê-la uma lágrima brotou em seus olhos, era a primeira vez que conversavam com ela.

Enquanto isso, Valtinho completamente inibido, cumprimentou Aurélio o menino gigante.

Apresentaram-se um ao outro, Aurélio pegou sua bola e dois segundos depois lá se viam os dois meninos correndo pelo gramado da pracinha.

(Chega a ser corriqueiro ver como as crianças têm facilidade para relacionarem-se umas com as outras. Para elas não importa o tom de pele, a posição social, o peso, a altura... Basta apenas envolver uma bola e pronto, é como se já se conhecessem a vida toda).

As mães também não ficaram atrás. Iniciaram uma conversa, no começo timidamente, mas depois o assunto fluiu de maneira que se estendesse pela tarde toda.

E assim brotou um laço de amizade entre as duas famílias que ainda dura para todo o sempre já que eles vivem numa terra encantada onde nada envelhece nada se acaba, onde tudo, absolutamente tudo, se renova a cada dia.

“Não importa a aparência das pessoas, não importa o quanto uma pessoa pode ser diferente de todo o resto do mundo. Às vezes uma única atitude corajosa de se aproximar do diferente pode surpreendê-lo e torná-los parceiros por toda uma longa vida.”

Gabi Alves
Enviado por Gabi Alves em 01/08/2012
Reeditado em 03/07/2014
Código do texto: T3808431
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