Mimo, o mimoso
Mimo o mimoso, o mimado cachorrinho achado, todo estropiado na rua.
Ele veio todo sujo, machucado, de pêlo embolotado, trazido nos braços pela pequenina.
E ganhou banho e curativo. E amor, que tudo cura.
Ficava na caminha, amuado, nos primeiros dias, olhando desconfiado aquela gente estranha. E parecia que entendia, quando a pequenina lhe estendia a mão com a tigelinha de comida, ele comia.
Estava sendo cuidado, com zelo e dedicação, nunca antes imaginados por aquele pobre cão.
Depois ficou mais confiado e andava pelo casebre como se o tivesse achado o mais lindo palacete.
Mas ele ainda comia só da mão da pequenina.
Fosse no pote, no prato na tigela ou mesmo no papelão, a comida parecia que só tinha gosto pra ele se era de determinada mão.
A mão da pequenina.
Ficou peludo e vistoso, com o pelo cor de ouro e andava majestoso latindo como um touro pra espantar bicho papão.
E ainda só comia se vinha daquela mão.
Dormia agora, aos pés da cama da pequenina, em vigília ao sono dela.
Alerta a qualquer sono feio que chegasse perto daquela que lhe salvou a vida.
Aquela menina metida era o par do Mimo mimoso, como ele era mimada e o mimava também, com seu jeitinho carinhoso.
Mesmo depois de velho ele ainda andava atrás dela, e reconhecia a mão que lhe estendia a comidinha, tinha que ser a mão dela, senão ele não comia.
Mesmo hoje depois de muitos anos, a menina já crescida, mantém vivo o Mimo mimoso, dentro do coração, saudosa do acariciar o pelo gostoso, de dar beijocas no focinho dele.
O mais perto que ela chegou a ter de um amigo, de um irmão. Mimo, o mimoso, o mimado, o metido, o cão.